Fresca,
Louca,
Em flor,
Chegaste
Pela névoa
Da manhã;
Um cheiro
Intenso
A orvalho,
A jasmins,
A cravos,
Papoilas,
E uma leve
Agitação de asas
Novas,
O Bico em boca
A pedir beijos
E com dois beijos
Foste entrando
Em minha casa
Na minha vida
Sem licença,
Só porque
No passado
-Vá-se lá a saber porquê-
Fizeste ninho
No meu beirado
E não o derrubei.
Que lata!
Que desplante...
Rapariga!
Pois fica sabendo
Que aprecio a música
Da chuva
A caír nos telhados,
Me deleito com o lamento
Das árvores
A contorcerem-se
De frio
Me consola o calor
Da lareira...
Do borralho.
Como vês,
Para ser franco,
Este ano
Nem te esperava.
Vieste mais cedo,
Ou fui eu
Que esqueci
E nem me dei conta
De abrirem
As flores?
Olha,
Já que aqui estás…
-E quanto a isso...
O que não tem remédio,
Remediado está-
Ao menos
Sê útil:
-Vá...
Sobe
Aos quartos
E areja
A casa!