O Guilherme tem síndrome de Aspergen. Fixando-se numa coisa ou assunto, anda dias, semanas a remoê-los até que arranja outro motivo de interesse. Recentemente passou da fase dos cântaros para a das bilhas de gás; anda agora na dos animais.
Há dias os avós maternos, depois de semanas a ouvirem-no falar em animais, levaram-no ao Jardim Zoológico, em Lisboa.
Chegados à jaula dos macacos, reparou que um macho se punha em cima de uma fêmea. A macaca, recusava os avanços do macho; batia-lhe, mordia-o, fazia-lhe inúmeras judiarias, mas ele, concentrado no objectivo de se aliviar, não desistia.
O Guilherme fixou-se na cena; puxou o avô pelo casaco:
- Avô, que estão a fazer os dois macaquinhos?
O avô fez-se desentendido. Arrastou-o pela mão, para a jaula dos gorilas. O Guilherme fincou o pé; insistiu:
-Avô, que estão a fazer os macaquinhos?
-Olha… -e atirou a primeira coisa que lhe veio à cabeça- Estão a brincar!
- É?... E porque aquele – e apontando a fêmea- está a bater no outro?
O avô, adivinhando um rol interminável de perguntas embaraçosas, a que não conseguiria escapar-se, rematou por ali a conversa:
-Olha, “Gui”… Brincadeiras parvas!... São brincadeiras parvas!
E quando chegaram, o Guilherme foi logo contar à mãe:
- Olha mãe… Vi dois macacos em brincadeiras parvas!... -e repetia pela casa- Vi dois macacos em brincadeiras parvas!... Dois macacos em brincadeiras parvas!...
A mãe, quis saber, que tipo de brincadeiras foram aquelas, que tanto o impressionaram. Aí o avô, que estava presente, teve que se explicar, mas desta vez com todos "efes" e "erres"!