Segunda-feira, 12 de Março de 2007

 

 

  

 

Marcámos reunião na sala dos advogados. “Terreno neutro”, nas palavras do colega, “para que não houvesse equívocos” em relação aos clientes. Após análise dos documentos, chegámos a um acordo: O cliente dele, pagaria uma determinada quantia ao meu e o processo morreria ali.

Como se tratava de um colega muito mais velho, pu-lo à vontade para que, dada a quantia avultada, pudesse consultar o cliente. Ofendido respondeu-me:

-Colega… só se você tiver algum problema...

-Não é por mim, colega…- gaguejei- o seu cliente aceita?

- Ele “assina por baixo", colega... E a minha palavra dada a si, faz lei…

- Não é caso para desconfiança – insisti- mas dada a quantia… não seria prudente… veja lá…

- Não tenha problema, colega – sossegou-me-  os meus cabelos brancos - e apontou para a cabeça – vê?  já não suportariam qualquer tipo de desonra... - E estendendo a mão, concluíu- Por mim o acordo está firmado...

Perante aquele argumento de honra, não pude recusar. Firmámos o acordo com um simples aperto de mão, mas o meu coração naqueles dias andou “apertadinho”, porque em troca lhe entreguei todos os documentos que tinha a titular a dívida. Precipitação minha… o mal estava feito!

O que é certo, é que passados uns dias, telefonou a pedir-me o “NIB” do meu cliente. Fez a transferência na quantia acordada e arrumámos o processo.

Estava ao telefone a falar com ele, lembro-me bem, e a pensar: “Ufa, que alivio! Ainda bem que há gente de palavra!”

Outro dia ligou novamente a convidar-me para uma sopa de peixe. “ O peixe do rio da Vila dele, ainda era saboroso e valia a pena”, argumentou perante a minha hesitação, pela distância. Não sendo grande apreciador de peixe, é claro… aceitei.

E lá combinamos o almoço para a próxima sexta-feira! Ida e volta, trezentos Kilómetros; mas tenho de pagar esta dívida, quanto mais não seja, pela lição de vida que recebi...

 

 

 



publicado por Manuel Maria às 10:17 | link do post | comentar

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