Vilar Maior. Janeiro. Tantos de tal.
Aqui continuo eu,
sózinho,
perto do berço onde nasci,
à sombra do velho cedro
onde repousam os ossos dos meus
e de pensamento longe...
sempre longe...
nas falésias do mar.
Os pés e as mãos, são de lavrador,
mas o coração, esse,
é de vagabundo,
de marinheiro.
Que hei-de eu fazer assim,
Sendo mais livre
que os grilhões destas serras,
mais vasto
que o verde destes lameiros
e no entanto de pele rugosa,
àspera,
como a casca de um carvalho,
os pés,
as raízes,
a àgua em baixo,
lenta,
por debaixo da terra,
os pássaros em cima,
nas mãos,
e o vento,
o ar cantando como uma guitarra,
umas vezes com "olés",
sapateado,
outras, triste,
pungente,
como o fado?
Que hei-de eu fazer, assim?
Vá Lobo, diz-me tu,
que és poeta!