Aqui no campo
o vento.
E quando se levanta,
repentino...
o vento
fustiga o altos ramos
das árvores,
lambe-as, beija-as,
abraça-as,
acorda o silencio dos montes,
traz o cheiro a terra,
a raiz,
a giesta,
a salgueiro,
um canto louco
de pássaro,
uma cascata,
um balido
de cordeiro.
Então,
transido de frio,
Subo as abas do casaco,
salto a regadeira
para ma abrigar nas fragas,
Enterram-se-me as botas na lama
e uma súbita rajada
de vento,
assobiando,
lava-me
a boina
para longe,
muito longe...
cada vez mais longe...
mais e mais...
e com ela
o pensamento
e as saudades...
as muitas saudades
das minhas filhas.