Deixaste passar a estação das flores e da fruta
e as pétalas das roseiras caíram,
secaram os figos na árvore, esquecidos.
Deixaste o tempo do amor passar,
deixaste partir os homens e os poetas.
Descansas agora sob a velha acácia do largo
com todo o vagar do mundo nos olhos,
um extremo cansaço nos ombros,
absorta no interminavel silêncio da tarde.
As tuas lembranças trazem a chuva de Outono,
os braços caídos são ramos que mergulham na terra encharcada...
Chegaria uma leve brisa nessse restolho seco da tua alma
uma faúlha no ar incendiando o céu,
para a seiva te subir pelos flancos como um rio,
os teus lábios me saberem de novo a mosto,
uma rosa nova florir no teu cabelo.