Ó dramática aldeia de abandono,
antigas chaminés que aos poucos de vão apagando! casas vazias,
beirais que já não gotejam nestes chuvosos dias
de Outono...
E na praça o bebedouro que há anos não corre!
as portadas das janelas, com o tempo caindo...
O terreiro aqui e ali a erva invadindo,
ao pelourinho, a secular acácia que finalmente morreu,
depois de longa agonia.
Ó triste aldeia ao abandono,
lamúrio de almas transidas ao frio
de Outono...
Pardieiros, ruínas, húmido deserto
de famílias inteiras que foram por esse mundo fora,
espectros de mortos-vivos... sonho encoberto...
e saudade... tanta saudade, que ao passarmos na ponte,
o rio chora,
por nós que também vamos embora.