Destapando a panela:
- Oh, não! – queixou-se o lobo – sopa outra vez? Quem me dera um borreguinho, que faria um belo ensopado!
Eis senão quando, TRUZ, TRUZ, TRUZ,! Bate à porta um borreguinho.
-Posso entrar? -Claro, meu lindo, a casa é tua e vens mesmo a calhar - e emendando a mão – quer dizer… à hora de almoço – disse o lobo, contente.
E o borreguinho foi entrando, e com ele, três cabritinhos, que o lobo não tinha visto e vinham também pelo cheiro da sopa.
-Mas que azar! – resmungou o lobo, que era de paladar apurado, mas burro- o que faço eu com um borrego e três cabritos?
Então o lobo sentou-os à lareira e lembrou-se de procurar no seu livro uma receita de borrego com cabrito. Não encontrou nenhuma, porque só havia receitas de ensopado de borrego; não de borrego e cabrito.
-Que azar o meu! – queixou-se o lobo – como é que vou cozinhar um borrego e três cabritos?
Sentou-se na sua cadeira de balouço ao pé da lareira e enquanto ajeitava o lume à panela, pensava:
- Que faço eu à minha vida?! Meter borrego e cabritos na mesma panela não é ensopado… Depois é misturar os sabores, não aproveitando nenhum. Muito decidido, dum repelão, pegou-lhes pelo braço e pô-las na rua.
- Rua!!! -Mas nós temos fome…
E com um grande estrondo, fechando a porta:
BANG!!!
Gritou-lhes:
-Na próxima, como-vos mesmo!
Mas o cuco do alto de uma ramada próxima, vendo os cabritos, borrego e lobo em redor da panela, confidenciou ao galo, seu amigo, que o borrego e os cabritos tinham almoçado na casa do lobo.
E o galo que não gostava do cão, espalhou pela floresta que o borrego e os cabritos almoçaram em casa do lobo, para combinarem matar o cão!