Festa
Sem gente
É vazia de afectos.
As acácias da praça
Já nem dão sombra.
São espectros.
Festa
Sem gente
À falta de vinho novo…
É na subida do cemitério
Que se vindima
Este povo.
Festa
Sem gente
Pelos começos de Setembro.
Com balonas…
E procissão...
É disto que me lembro.
Ao mar se fez El-Rei
Em nau bem aparelhada.
A bandeira de Portugal
No alto mastro hasteada.
A terra de mouros foi El-Rei.
Nau formosa o levava.
Batia o mar na barbacã
E só o manso bater se escutava.
Em fins de Julho partiu El-Rei.
Do cais da aventura embarcou
Na grossa armada
Em que foi além-mar...
E não voltou...
O Nuno
Levou desassete anos
A tirar as cartas!
Tantos Juntos
Quantos Jacob serviu Labão
Por amor a Sara
E Priamo Cercou Troia
por òdio a Helena.
Desassete anos!
E depois comprou uma bicicleta nova
De mudanças automáticas...
Desassete anos
Para nada!
I
O Zé Pedro convidou o "Micas" do Carvalhal para um copo na adega:
-Que tal está a pinga?
- Boa para beber com as duas mãos!
-Como assim?
-Uma para segurar o copo, outra a gaita para a mijar logo.
II
Comentava o Adriano que encertara na vespera um presunto para o lanche. O vizinho do lado mete-se na conversa:
- Também há dias encertei um. O que custa é começar; depois vai-se num instante.
- A gente nem sabe por onde começá-lo - continua Adriano- Até tenho uma faca própria para o cortar - e com os dois dedos indicadores exemplifica o cumprimento do facalhão.
O Outro não se fica:
-Eu também tenho uma faca assim só para o presunto.
Aqui entra na conversa o Zé da Amélia, que a remata assim:
-Pois eu tenho faca, mas não tenho presunto!
-Sabem quem tirou a carta?
Foi o Nosso Zé!
Anuncia a Helena
Quando entra no café.
-Que vida Boa
Leva o nosso Zé
De Chaufer do Professor Pina
Pelas ruas de Lisboa!
Mariquinhas casou.
Casou a Mariquinhas;
Não levou
padre de estola,
mas teve
vestido de tafetá,
noivo de casaca,
bolo de três andares
com recheio de amêndoa
e convidados vestidos
a perceito.
Mariquinhas casou.
Exibe agora
na mão esquerda
um vistoso anel
para que todos vejam
que finalmente
desencalhou.
Teobaldo convidou
Uma desconhecida
Para casa
E passam os dias
Rua abaixo,
Rua cima,
De caminheta:
-Quem é a moça, Teobaldo?
-É comadre Floriana,
Que veio da cidade passar
com a gente.
-Mas você nem tem comadre, Teobaldo…
-Tenho sim…
É sinhá Floriana,
Mãe de Veridiana,
Prometida de meu Feliciano.
-Mas seu filho nem namora,
Que a gente sabe, Teobaldo…
-É só ele querendo, minha gente…
E dirigindo-se à pendura:
- A comadre e eu, fariamos muito gosto, n’era?
Arrancou
Rua abaixo,