Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008

 

 (foto de júlio Marques in vilarmaior1@blogs.sapo.pt)

  

A Ruça  toca à roda

E cansada de tanta volta

Estaca à sombra do reboleiro,

Minguando o “tornadouro”.

 

-Arre burra! Arre!

 

Grita-lhe o Romão do fundo da leira.

E a ruça dá mais umas voltas

-O sol a pino na moleirinha,

o suor correndo-lhe em bica-

Estacando de novo à sombra do reboleiro.

 

-Arre burra! Arre, palão!

 

Grita-lhe furioso o Romão.

Mas a Ruça não se move

E o Romão vem leira acima,

Moê-la de pancada:

 

- Arre coirão! Arre!

 

Então a Ruça dá um arranque,

Mais umas voltas,

E quando sente o Romão longe

Estaca de novo à sombra do reboleiro.

 

O  Romão exaspera lá do fundo da Leira,

Grita-lhe:

 

-Ah burra d’um cabrão!

 

E ela temendo novo arraial de pancadaria,

Parte a canga,

E atirando um par de coices ao Romão,

Foge a trote,

Cabeço acima.

 

 



publicado por Manuel Maria às 10:23 | link do post | comentar | ver comentários (4)

 

 (O Amilcar com o major)

 

  

            Episódio 1

 

            Estávamos todos à porta do tribunal, gozando o sol da manhã, o Amílcar Fernandes o João Medeiros, o Pinto de Sousa e eu. Os Jornalistas, também em grupo, uns passos mais distantes, tentavam apanhar-nos o fio da conversa.

            -Havias de cá ter estado ontem – diz-me o Medeiros – foi uma tourada – referindo-se à pega do Major, no dia anterior, com a inspectora Leonor da  PJ.

            - Ouvi comentar…

            - Eles picaram-no cá fora de propósito –explica o Amílcar- e sabendo como ele ferve, estavam à espera de quê?

            De repente os jornalistas começam a correr escadas abaixo. Risada geral no nosso grupo.

            -Olha, o gajo já chegou – observa o Amílcar.

            Daí a instantes, ouve-se o vozeirão do major, que vem a subir as escadas e cumprimenta os jornalistas:

            - Bom dia meus senhores.

            Para no primeiro patamar. Faz pose para as fotografias e desafia:

            - Já todos tiraram?

            O Pinto de Sousa não contém o riso. Libertando-se dos jornalistas o Major dirige-se ao nosso grupo e antes de nos cumprimentar, um a um, lança uma piada ao Pinto de Sousa:

            - Parece que te está a correr bem a vida, Zé! -e antes que este pudesse responder, conclui – é que hoje estás muito bem disposto…

            Nova risada no grupo.

 

 

            Episódio 2

 

            Após uma extenuante sessão de julgamento, estou quase a chegar a casa. O telemóvel toca. Penso: se for algum cliente nem atendo; não estou com disposição para mais assuntos de trabalho, por hoje. No visor aparece o número do tribunal e do outro lado a voz da D. Fernanda:

            - Boa noite doutor João…

            -Boa noite D. Fernanda… que me quer a estas horas?

            -Desculpe o mau jeito… mas vai ter de voltar para trás…

            -Para trás como?

            -É que o senhor Doutor Juiz resolveu inquirir mais uma testemunha... fora do horário de expediente…

            -Hum… -respondo divertido- nessa não caio… D. Fernanda.

            Então ela foi directa ao assunto:

            -Sabe, doutor – desculpa-se- tenho que desconvocar uma testemunha, que estava para amanhã…

            -Então desconvoque-a D. Fernanda – brinco eu- está autorizada…

            -Deixe-se de brincadeiras doutor… é que não tenho o número… é o António Ribeiro….

            -Sim…. estou a ver quem é… é o ourives, não é?

            -Sim, doutor; esse mesmo.

            -E que pretende de mim, D. Fernanda?

            -O número dele, doutor… o número…

            -Mas o número está no processo, D. Fernanda; na identificação das testemunhas e nos autos de inquirição…

            -Eu bem sei doutor… mas o senhor procurador e o senhor juiz têm o processo fechado a sete chaves…

            -Ora, D. Fernanda… porque havia logo eu de ter o número do homem?

            -É que o senhor conhece bem o processo e lembrei-me que talvez soubesse…

            -Quem deve saber - provoco-a-  é o Oliveira e O Castro Neves. Há no processo uma transcrição de escuta em que o Oliveira dá o número ao Castro… porque não liga a um dos dois?

            - Ora doutor… não me arranja você o número que vem na transcrição?

            E lá fui consultar a transcrição e tirei o número para que a testemunha pudesse ser desconvocada às 21.00 horas desse mesmo dia.

 

 

Episódio 3

           

            Na sessão de ontem foi ouvido como testemunha o António Garrido, conhecido ex-arbitro internacional de futebol, o qual falou de arbitragem e dos árbitros em geral.

            A certa altura do seu depoimento, a pergunta do Juiz sobre se era normal haver contestação aos árbitros quando as equipas da casa perdiam, com alguma graça respondeu:

            -Sabe, senhor doutor, na minha juventude, quando ainda não era arbitro e ía ver o jogos da equipa do meu coração – o marinhense- eu era o pior inimigo dos árbitros que podia haver; chamava-lhes os piores nomes possíveis. Agora compreendo bem melhor o papel dos árbitros e acredito neles.

            Depois foi interrogado pela acusação, assistente e defesa. Quando chegou a vez do Amílcar Fernandes, este recostou-se no cadeirão, respirou fundo e atirou:

            -Sabe Senhor Garrido, ao ouvi-lo aqui dizer que até o senhor chamou nomes aos árbitros, a minha alma fica em paz – e abrindo os braços, deixando caír as mangas da toga, até se lhe verem os punhos da camisa branca– é que, confesso-o aqui publicamente, eu a si também já lhe chamei muitos nomes feios!

            Risada geral na sala.

           

 



publicado por Manuel Maria às 10:22 | link do post | comentar | ver comentários (4)

Quarta-feira, 13 de Fevereiro de 2008

 

 

           

            Já tremeluzia a estrela Vénus e o campo adormecia majestoso e doce. O contorno dos cabeços e das moitas fundiam-se nas sombras das pastagens e a uns metros mais abaixo, um toque de um chocalho de gado, o cochichar das águas no açude do Pereiro. Eu já tinha ajudado o Zé Carlos a degolar o galo. Sentio-o exalar o último suspiro, enquanto apanhei o sangue para a malga.  

            Assim nos encontrou o Nuno, nesta azáfama, quando veio lá de dentro dizer que a panela de ferro já fervia. Era na cozinha adossada ao barracão, que tínhamos preparada a ceia. E aí já eu picara as cebolas, os tomates, o alho, a salsa, tudo muito miudinho para fazer o refugado, como pedira o Mário. Nas duas mesas de esplanada, a mesa posta para dez pessoas, encostado à parede encardida, um velho guarda-loiça, com uma talha de pimentos curtidos, dois ou três pães, uma embalagem de cerveja sem álcool, um garrafão de vinho, um saco de arroz e um covilhete de barro com azeitonas. Noutra parede, sobre uma pequena mesa de madeira, uma pilha de frascos de vidro com mais pimentos curtidos, ao lado, duas colheres de pau enfiadas numa jarra de vidro grosso e baço.

            Enquanto o galo cozia, assámos no borralho umas tiras de entremeada e umas febras. O Mário de vez em quando destapava a panela e mexia. Provava, mudo, um gole curto do molho, que já cheirava a galo e rectificava o tempero. Com o garfo espetava a carne para verificar a cozedura. Quando o galo ficou tenrinho deitou o arroz, pouco, porque segundo dizia, a cabidela quer-se aguada; Depois o sangue. Mais meia hora de cozedura; provou e estendeu-me a colher. Sorvi uma colherada, bem cheia… lenta e sorri, com espanto:

            - Está bom!

            Estava realmente bom; o seu perfume enchia a cozinha. Então todos nos aproximámos da mesa; o António Gata partiu o pão, o Mário encheu os pratos até transbordarem.

            E o Carlos Gata, que não era grande apreciador de cabidela, tentou uma garfada tímida. Provou, e levantou para mim uns olhos alargados de assombro. Outra garfada… Um piscar de olho… E exclamou:

            - Está divino, João!

.                    

           

 



publicado por Manuel Maria às 22:04 | link do post | comentar | ver comentários (8)

Domingo, 10 de Fevereiro de 2008

 

 

            

            «A morte de minha mãe e as minhas experiências subsequentes deram-me a crença na perpetualidade pessoal. Quando recebi a notícia da sua morte, todo o meu ser ameaçou perder equilíbrio. Essa perda foi tal que não conseguia controlar-me e andava perturbado e miserável. Mas depois de ter chorado a primeira dor senti-me cheio de uma poderosa sensação da existência e da proximidade da falecida, de tal modo que pude retomar a minha vida habitual, maravilhosamente consolado. Desde então ela está viva para mim, decerto que invisível, mas ama e é amada, e em muitas horas difíceis mantém-me sob as suas mãos protectoras. Conheço-a melhor do que todos os meus amigos vivos e só ela tem ainda poder sobre o meu coração. Envelhecido e obstinado, de tal modo que às vezes se deixa dominar e faz o bem em vez do mal.

            Nada disto são teorias e ilusões; o extâse e superstição não têm nada a ver com isto, assim como a alegre religiosidade de minha mãe não era uma ilusão. Era, antes, a coisa mais real que podia existir, ou seja, o poder benfazejo de um espírito forte e amoroso, que quer manter os fios da sua vida e da compaixão unidos á eternidade através do dia e da noite.»

 

 



publicado por Manuel Maria às 18:18 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2008

 

             

            Naquele tempo, quando andava pelos meus vinte e picos, ocupava as minhas férias grandes na agricultura, ajudando a minha mãe a tratar umas terras herdadas dos meus avós e visitava as redondezas, onde tinha excelentes amigos.

            Naturalmente percorria aqueles caminhos a pé desde a minha infância, munido de um cajado e pequeno farnel. Amigos e parentes, bons conhecidos e alguns amores estavam sempre no fim de cada caminhada, mas nunca me continham, nunca me preenchiam, nunca me desviaram do percurso que eu próprio tinha escolhido.

            Como diz o Almada Negreiros, «a individualidade nasce dentro do indivíduo já solto dos seus progenitores. È nos primeiros contactos do indivíduo com os outros que, com o mundo exterior, que o começa a desenhar-se, desde logo, o contorno da sua individualidade ou personalidade, como queiram chamar-lhe. Tudo isto passa-se em plena idade da inconsciência: o indivíduo é um todo único até morrer, e já o é desde que nasce, desde antes mesmo de o saber e de ter a consciência de si próprio».

            Cada pessoa, seja ela quem for, é uma espécie de bola atirada numa direcção, que segue o percurso há muito estabelecido, ao mesmo tempo que pensa estar a forçar o seu próprio destino. De qualquer modo a pessoa humana é um negócio particular de cada um; o destino reside em nós e não no exterior, o que dá à superfície da vida, aos acontecimentos visíveis uma certa irrelevância. «Uma fatalidade ou um destino sobreposto ao nosso, passam a ser a melhor das nossas energias ao serviço da nossa própria personalidade individual humana». Uma fatalidade, faz-nos cair de joelhos e prestar atenção a coisas em que nunca reparámos: Uma montanha que se estende para o céu, como o vento sopra silencioso sobre um vale, as folhas amarelecidas dos carvalhos a darem o primeiro ar outonal aos dias cada vez mais curtos do Verão.

            É nestes momentos que perdemos toda a arrogância e ficamos humildes e gratos pela beleza da terra.

            Nesse dia de Domingo, estava uma bonita manhã. O meu amigo Quim tinha falecido há umas semanas num estúpido acidente de motorizada nas Entre-Vinhas. Não tinha com quem conversar; pensei: O que me mede a mim, que sou um homem livre, de ir até à Ruvina, onde vivem os meus parentes e namoriscar a Isabel? E dei por mim, depois de almoço, com espanto, a caminho, estrada fora.

            Esta seguia ao longo das tapadas, atravessava uma ponte, e depois de uma grande subida por entre lameiros, alcançava um alto aberto com uma vista panorâmica, sobre uma paisagem familiar: Numa ligeira elevação, uma igreja erguia-se sobre os telhados vermelhos das casas. Cheguei à Bismula depois de meia hora a pé. Atravessando-a, parei na única taberna aberta para um breve refresco e ganhar fôlego para o resto da viagem.

            A seguir à aldeia o caminho descia pelas vinhas e, ao longo de um ribeiro, prosseguia pelo limite de uma carreira de freixos batidos pelo vento e eu diverti-me a ver as formas arrojadas e grotescas dos troncos e das raízes. Primeiro predominavam as impressões cómicas: caretas, gestos trocistas de gente conhecida e desconhecida, animais, nos novelos das raízes. Depois, à medida que avançava, as imagens, combinadas com as sombras, as formas dos ramos e amálgamas das folhas, tornam-se assustadoras, fantasmagóricas.  

            Acelarei o passo, assustado, e saltando as poldras do ribeiro, do outro lado da margem, atravessei um pequeno vale onde um velho pastor guardava duas vacas leiteiras. Tudo isto, incluindo os cabeços, as tapadas cobertas de giestas negrais e o curto ribeiro atravessando as pastagens, fresco, translúcido, como uma pintura, apaziguaram-me o coração de uma forma tão imponente e doce, que sucumbi, a este recanto maravilhoso da paisagem.

            Percebi que tudo isto é mais imprescindível e fascinante para mim do que todas as outras coisas da existência.

            Deitei-me à sombra de um amieiro para comer o farnel. Nos limites do cabeço um merintel, levantou do mato rasteiro e, voou com um grande ruído de asas a bater sobre a minha cabeça, pousando numa das galhas do amieiro.

            Fiquei ali deitado, a observar o merintel no seu ninho e a escutar a linguagem suave da terra, que subia do murmúrio calamitoso das águas a galgar o açude, sem me importar com o passar inexorável das horas.

            Ocorreram-me então estes versos que compus mentalmente:

           

 

Se me deixasses,
enfeitava-te o cabelo
de papoilas,
jacintos
e margaridas;

Verde amieiro,
à beira do açude,
onde fez ninho
o merintel.

 

 

 



publicado por Manuel Maria às 13:37 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2008

 

 

 

            Era um povo vivendo em galerias obscuras que abria infatigavelmente, escavando a terra com as unhas, com os dentes. Um povo vivendo debaixo da terra, comendo terra, sem se ver, sem se conhecer.

            E nunca esqueceu o sol. E nunca se deixou cegar.

 

                                                                                               Jean Rousselot

 

P.S. Dedicado a José Sócrates

 



publicado por Manuel Maria às 15:56 | link do post | comentar | ver comentários (1)

 

 

 

            A terra era uniforme e vazia e as trevas cobriam o abismo. Deus decidiu fazer o céu, a terra e a luz:

            Traçou um esboço a guache creme. Primeiramente pintou uma aguada em toda a área, deixando as zonas claras com a cor do vazio. A cor foi obtida misturando branco opaco, negro-de-fumo, anil e um toque de carmesim. Pintou tons mais escuros da mesma mistura sobre a aguada inicial, ainda húmida. As áreas suaves do céu, mais claras, obteve-as passando uma esponja. As colinas, os fundos e alguns recortes do céu foram acrescentados depois de o resto ficar seco.

            O efeito dos raios solares e o efeito do nevoeiro obteve-os com aguadas transparentes de branco opaco e um pouco de ocre amarelo.

            Afastando-se do cavalete, Deus viu que tudo isto era belo. Então pintou todos os animais que existem nos oceanos, na terra e no céu; abençoou-os e ordenou que se multiplicassem.

            E apreciando a magnífica obra que saíra do seu pincel, ficou satisfeito. Disse então: «façamos o homem à nossa imagem e semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra».

            E borrou a pintura!

 

 

 



publicado por Manuel Maria às 15:50 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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