O meu corpo,
Que um dia abriu como uma rosa ao sol
E a cada Outono perdeu as folhas,
Amorosamente se deitou na areia.
E o pensamento, agitado pela brisa marinha
Soltou amarras, partiu no vento,
Para lá do pinhal, para lá das serras,
Para a sagrada terra dos carvalhos negrais,
Onde o rio, com as suas hortas,
Sob a velhinha ponte rumorosamente passa,
Sem cântico, nem espuma,
Em direcção ao mar.
E no fim da manhã amena,
Quando o sol bem alto sobre o Carril,
Levanta a geada das hortas,
E se respira aquele imenso verde,
Na colina do castelo,
O pensamento abrindo-se como o mar
A todos os fluxos do mundo,
Senta-se na vizinhança tutelar
Do grande cedro.
E o rio,
Com os seus verdes limos,
Rindo e cantando,
Saltando as fragas,
Devolve ao mar as folhas perdidas
Da minha infância!