foto retirada de "forcalhos.do.sapo.pt"
Lá acima, em Riba de Côa,
Junto ao pé dos Forcalhos,
Correram os moços um toiro
Que era largo de galhos.
Puseram por capinha
Um rapaz raçudo e galante
Nascido na Espanha vizinha;
Que por toda a Raia percorria,
As capeias como praticante.
Ao céu os olhos erguendo,
-O sangue nas veias lhe correndo-
E vendo a pino um sol de oiro;
-Mandou saír o toiro,
Queima já o sol do meio dia
A terra da raia e suas campinas.
O toiro saiu com raça e pundonor,
Investindo cego e atravessado,
Levantando na aficion um clamor.
E o capinha esperou-o firme ao tabuado,
Num passe de verónicas e chiquelinas,
Queimava a pino o sol do meio dia,
A terra da raia e suas campinas.
Mas era um toiro com manha
Criado nas campinas de Espanha
Que num repentino derrote
Lhe levou espada e capote
Entalando-o contra a trincheira.
Ninguém lhe pode acudir,
Tentou fazê-lo uma das moças
Que pelo bem que lhe queria
Reunindo todas as forças
Saltou sozinha a barreira.
Estava a pino o sol do meio dia,
Sobre a raia e suas campinas.
-Ahora que sonen las campanas,
Hoy nenhuno touro de lyde saya,
Que vay a enterrar en las Españas
El mayor capinha de la raya.