Quinta-feira, 5 de Março de 2009

 

 

 

Recebi a seguinte mensagem de D. Duarte de Bragança, chefe da Casa
Real Portuguesa e presidente de honra do Instituto da Democracia
Portuguesa, proferida hoje, por ocasião do encerramento do I
Congresso Marquês Sá da Bandeira em Lisboa:

 

«PERGUNTAS À DEMOCRACIA:

 

Tem vindo a crescer em Portugal um sentimento de insegurança quanto
ao futuro, sentimento avolumado por uma crise internacional,
económica e social, de proporções ainda não experimentadas pela
maioria dos portugueses. São momentos em que importa colocar
perguntas à Democracia que desejamos.

Admitindo-se que a situação concreta é grave, torna-se necessário
encará-la de frente, antevendo todos os aspectos em que os
portugueses experimentam dificuldades.

Os tempos de crise vão-nos trazer privações mas também vêm
exigir reflexão. Este é o momento de olharmos para o que somos.
Para este país tão desaproveitado. Para a sua costa atlântica com
Portos tão ameaçados, para uma fronteira tão vulnerabilizada, para
um património cultural tão desaproveitado.

Temos de perguntar até onde deixaremos continuar o desordenamento do
território, que levou a população a concentrar-se numa estreita
faixa do litoral, ocupando as melhores terras agrícolas do país e
esquecendo o interior, reduzido a 10% do PIB.

Temos de perguntar à economia portuguesa por que razão os bens de
produção são despromovidos perante os “serviços”, o
imobiliário, e ultimamente, os serviços financeiros. O planeamento
das próprias vias de comunicação se subjugaram a essa visão.

Temos de perguntar até onde o regime democrático aguenta, semana
após semana, a perda de confiança nas instituições políticas e
uma atitude de “caudilhização” do discurso.

Temos de perguntar até onde continuaremos a atribuir recursos
financeiros a grandes naufrágios empresariais, ou a aeroportos e
barragens faraónicas que são erros económicos.

Temos de perguntar até onde o sistema judicial aguenta, sem
desguarnecer os direitos dos portugueses, a perda de eficácia e a
morosidade crescente dos processos.

Temos de perguntar se não deveríamos estabelecer um serviço de
voluntariado cívico em que os desempregados possam prestar um
contributo à comunidade.

Temos de perguntar até onde as polémicas fracturantes que só
interessam a uma ínfima minoria política, não ofendem a imensa
maioria das famílias, preocupadas com a estabilidade pessoal e
económica.

Temos de perguntar como vamos aproveitar o ciclo eleitoral que se
avizinha, a começar pelas eleições europeias, onde será
desejável que apareçam independentes que lutem pelos interesses
nacionais.

Temos de perguntar se nas relações lusófonas, estamos a dar
atenção suficente às relações especiais que sempre existiram
entre Portugal e o Brasil.

Para ultrapassarmos as dificuldades, precisamos de todos os nossos
recursos humanos em direcção a uma economia mais “real”, mais
sustentada, mais equitativa, uma economia em que respirem todas as
regiões a um mesmo “pulmão”.

Apesar de tudo, o nosso sector bancário fugiu das estrondosas
irresponsabilidades dos congéneres mundiais. Saibam os Governos
regulamentar os apoios para as empresas grandes, médias ou pequenas
mas que sejam produtivas.

Em regime democrático, exige-se processos e discursos ditados pelo
imperativo de responsabilidade. A equidade e integridade territorial
só poderão ser obtidas com a participação de todos, e com
sacrifícios para todos.

Estamos confiantes que somos capazes de fazer das nossas fragilidades
as nossas maiores vantagens. Onde outros tiveram soluções muito
rígidas que falharam, nós venceremos promovendo os portugueses que
lutam por um país de imensas vantagens competitivas.

Mostremos como somos um grande País, uma Pátria em que todos cabem
porque acreditam na Democracia. Portugal precisa de mostrar o seu
projecto para o século XXI. Pela minha parte, e pela Casa Real que
chefio, estou, como sempre, disponível para colaborar.» 

 

Respondi assim:

 

«Alteza Real,
Essas perguntas que V. Alteza faz, são pertinentes e de bom senso, porque o nosso regime está falido e chegou a um impasse. Facto evidente!
Da-se o acaso de até ser simpatizante da causa monárquica. O Senhor D. Duarte, põe as questões muito bem. Quem lhe responde? O Senhor D. Afonso Henriques, lá da tumba de Santa Cruz? O Senhor Presidente Cavaco Silva, do remanso de Belém? Os políticos da República na fila das benesses e proveitos da coisa pública?
Não querendo ser impertinente, Senhor D. Duarte,  V. Alteza, faz como o poeta: «Pergunta ao vento que passa, mas o vento, cala a desgraça; o vento nada lhe diz"!
Modestamnete penso que isto só já lá vai à maneira antiga: À "bordoada!"
Respeitosamente,  beijando a mão de V. Alteza Real,
João Valente»

 



publicado por Manuel Maria às 15:43 | link do post | comentar

7 comentários:
De Mendo Henriques a 5 de Março de 2009 às 16:28
Caro Amigo:

Em pesquisa pela net encontrámos a sua referencia à nossa iniciativa do passado dia 3 de MArço

Sinta-se convidadao a aderir ao IDP
Visite e associe-se
http://www.democraciaportuguesa.org/

Pelo bem comum
mch
Presidente da Direcção do IDP



De ana a 6 de Março de 2009 às 16:15
As bordoadas já começaram, mas da pior maneira: carjacking , homejacking , assaltos a bancos, ourivesarias, farmácias...
As carências sociais graves pagam-se com grave insegurança social. É importante pensar nisto - só a boa justiça social, educação, cuidados de saúde e uma rigorosa ética na política podem travar uma evolução que ninguém pode desejar. Não julguem os senhores dos milhões que eles os podem defender da ira dos marginalizados, dos deserdados da vida.


De Manuel Maria a 9 de Março de 2009 às 15:29
A minha amiga está muito anarquista... ou engano-me?


De ana a 23 de Abril de 2009 às 10:20
Caro amigo,
Tem dias...
Talvez ainda me reste alguma rebeldia...


De Manuel Maria a 23 de Abril de 2009 às 10:28
Em Abril, reaparecem as flores...


De Maria a 10 de Março de 2009 às 00:15
VIVA O REI!
Tem razão como isto está só mesmo à bordoada! E os heróis para isso onde param?

Saudações Monárquicas!


De Henrique a 11 de Agosto de 2009 às 12:07
Bordoada!
Mas percebo e concordo com a maior parte das preocupações de D. Duarte.


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