Gaba-se o Sócrates dos avales concedidos à banca para que esta ajude as pequenas empresas e os particulares neste momento de crise.
Mas os bancos, como qualquer agiota, não concedem crédito a quem já está com a “corda ao pescoço” e não oferece “garantias”, o que acontece com a generalidade de todas as pequenas e médias empresas e particulares; pormenor este de somenos importância que a esperteza de Sócrates não alcança.
O Teixeira dos do Santos, constatando que “foi apanhado de calças na mão”, ameaça agora retirar os avales se a banca não conceder crédito ao mercado.
Mas é do senso comum e da ciência económica e jurídica que um aval depois de concedido, porque se trata de uma garantia de crédito só pode ser retirado com acordo do beneficiário, isto é, da entidade externa que vier a emprestar dinheiro à banca. Quem no seu perfeito juízo, perante tão flagrante evidência, ainda liga ao que o Teixeira dos Santos diz?
E a que arca sem fundo vai o governo tirar dinheiro para liquidar os avales no caso de incumprimento? Com que dinheiro, se já há séculos os ratos não fazem ninho lá para as bandas do Terreiro do Paço por não terem no que roer? À custa de mais défice público?
Esta coisa de fiar e avalizar é assunto tão sério que, como diz o seguinte conselho do livro bíblico dos provérbios, devia “tirar o sono” a quem levianamente se "atravessa pelos outros":
“Meu filho, se ficaste fiador do teu próximo, se estendeste a mão a um estranho, se te ligaste com as palavras dos teus lábios e ficaste prezo pelo teu próprio compromisso, procede assim, meu filho, para te livrares, pois caístes nas mãos do teu próximo; vai, insiste e incomoda o teu próximo. Não concedas sono aos teus olhos, nem repouso às tuas pálpebras. Salva-te como a gazela das mãos do caçador e como o pássaro do laço que o prende”.
Mas contrariamente ao que seria de esperar, não conta que Sócrates e Teixeira dos Santos tenham perdido o sono. Eles por aí andam, voando entre jantares de Natal como “anjinhos da boa nova”, cantando o “hosana nas alturas” a nós, pobres pastores deste deserto da Judeia. Mas os seus cantos seráficos são pronuncio de desgraça e não de esperança::
É que se a coisa “der para o torto”, é o nosso “bacalhau” que vai faltar no prato de Consoada, como sempre, meus amigos!