Precisaríamos de ser ainda mais simples,
Tão simples que pudéssemos entrar
Na simplicidade do vento,
Da poalha do sol,
Da roupa estendida a arquejar ao vento.
Não há desespero no mundo,
Nem esperança.
Há apenas a simplicidade do vento,
Do sol,
Da roupa,
Da corda;
Há apenas a simplicidade da água,
Os seus vergões de mulher grávida;
Há apenas a água,
O calhau,
A simples necessidade de nascer e morrer.
Seria necessário poder entrar sem estremecer
Nas coisas
Como as coisas.
Porquê este frenesim no nosso coração?
Porquê este eterno enervamento dos nossos nervos?
O pensamento nada constrói. O sentimento esgota-nos.
Apertamos os dentes e sangramos
E nada criamos.
Dedilhamos as coisas
Como uma chuva em cada gota
Tivesse medo de se magoar.
Nós somos os pequenos frenéticos do mundo.
Nós não entramos.
Jean Rousselot