Terça-feira, 7 de Outubro de 2008

 

 

 

           

Há meses postei aqui um texto em que deitava abaixo a mediocridade de muita poesia que se publica e para o qual remeto, algures neste blogue, por actual, face ao que vou dizer a seguir.

            No “Correio da Manhã” de hoje vem um artigo de página sobre o novo livro de Paulo Teixeira Pinto, novel e celebrado poeta e pintor do burgo; um dois em um, que não faz por menos, poeta e pintor… um génio em duplicado!

            O senhor é mais conhecido por ter comprado a “Guimarães Editores” com a choruda indemnização que recebeu quando saiu do “BCP”.

            Publicou também um livro de poesia e expôs uns quadros, que vi de relance numa reportagem de TV.

            Agora reincide em novo livro de poesia que traz pérolas de lirismo como esta:

           

«A mais

Sublime

E surpreendente

De entre todas

As palavras

Jamais ditas

Foi pronunciada

Uma só vez

Uma só vez

E calou-se

Na desventurada

Garganta

Daquele

Ali.»

 

            Sublime! Magnífico! Trata-se sem dúvida, a crer no destaque de caixa que mereceu no citado artigo, de um texto marcante da nossa literatura, mesmo ao mais desatento leitor. Daí o destaque, presumo!

            De facto é um texto que prima pela subtileza, sensibilidade, lirismo, artifícios poéticos, figuras de estilo! Em suma, um exemplo consumado do que é a verdadeira linguagem poética!

            Pelo que me toca, agradeço pois a Paulo Teixeira Pinto ter dado à estampa tão magnífico texto e ao “Correio da Manhã” por me ter proporcionado a oportunidade de lê-lo.

Mas fico a saber pelo citado artigo, que terei mais oportunidades de me deleitar com tão magnífica poesia: Paulo Teixeira Pinto promete mais livros e mais exposições, porque já «tirou dois dias na semana» para se dedicar inteiramente «à pintura e à escrita». O “poeta-pintor” sacrifica a sua dourada reforma pela arte, por nós, leitores! Pelo que me cabe, registo o gesto estóico!

            E confidencia o “poeta-pintor” que ainda «tem muitos textos na gaveta» que escreveu nos «últimos dez anos». São uma verdadeira gruta de Alibábá as gavetas de Paulo Teixeira Pinto! Um manancial inesgotável de talento e inspiração que nos levará ao limbo da poesia! Fica a ameaça; cuidem-se, caros leitores!

            Arre! Que estopada! É bem verdade que «presunção e água benta, cada um toma a que quer!». E este Paulo Teixeira Pinto tem das duas que sobre! Se o que ele escreve ou pinta é poesia ou arte, vou já «ali» afogar-me no Lis de caminho! Perante tamanho génio, calo-me para sempre e ninguém mais me porá a vista em cima, juro!

             Mas antes, meu caro Paulo Teixeira Pinto… aqui fica um conselho, para se num feliz acaso, esta diatribe lhe chegar por entreposta pessoa; e peço-lhe que, na maior humildade e resignação cristã o aceite como uma espécie de orientação espiritual do seu antigo confessor na Opus Dei:

            Faça como a «desventurada garganta» do seu “poema”; não pronuncie nem escreva uma palavra mais, não estrague nenhuma tela mais… «cale» a sua «desventurada» pena e pouse o seu desajeitado pincel para sempre… «ali», Já!

            É que, ao contrário das boas críticas e dos críticos, o talento e sensibilidade artística ainda não se compram nem se vendem, meu caro Paulo Teixeira Pinto!

                       

 



publicado por Manuel Maria às 14:48 | link do post | comentar

6 comentários:
De Mola-Partida a 7 de Outubro de 2008 às 19:04
Sublime? É aquilo que escreve e não tenho igualdade de oportunidades para Editar.


De Aike-doi a 13 de Outubro de 2008 às 20:08
Ai de nós se a veia se propaga aos demais indemnizados.


Comentar post

mais sobre mim
Março 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


posts recentes

PELO NOSSO IRMÃO MARCOS, ...

Canção do Volfrâmio

Bom Natal a todos!

O Primeiro Lugar da Poesi...

dramátia Aldeia ao abanon...

RAMOS ROSA E O SEGREDO O...

Recuperação do Património...

As viagens Iniciàticas de...

Os Talassas

Saudade Estranha

Tradição e Pragmatismo

Romance da Branca Lua

Cavaco e o canto da Maria

Crónica do Bairro Alto – ...

Uma História do Arco Da V...

Chá de Erva da Jamaica

Cada cabeça sua sentença!

Tribunal Constitucional ...

Até um dia, companheiro!

Meu último quadro

Paul, o dragão

A Terra Dos Cegos

A venda de uma vaca

Os Insensatos

Nostálgia...

O "Assalto" ao Castelo d...

A Conjura dos Animais

Lenda do Cruzeiro de Saca...

Boas festas!

tatoo

arquivos

Março 2014

Fevereiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Dezembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Junho 2011

Maio 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

links
blogs SAPO
subscrever feeds