Era um grande proprietário, com terras nos arredores de Coimbra e Celorico da Beira e do outro lado de lá do mar, no Brasil e mandou o rapaz tirar o liceu em Coimbra para depois frequentar a Universidade.
O rapaz perdeu-se no ambiente da boémia coimbrã e nunca chegou a frequentar a faculdade, mas tornou-se num dos mais famosos músicos coimbrões do seu tempo. Casou e teve um filho que amava em extremo e para o qual compôs e escreveu a mundialmente conhecida canção “menino de oiro”.
Depois o rapaz amadureceu; o menino cresceu, regressando os dois ao Brasil, nunca mais se ouvindo falar deles.
Muitas décadas depois o José Niza fez uma digressão com o seu grupo de Coimbra pelo Brasil e actuaram numa pequena cidade do interior onde interpretaram o “menino de oiro”.
No fim da actuação acercou-se do José Niza um velhinho de cabelo esbranquiçado, curvado no peso da sua idade, mas com um brilho de criança dançar-lhe nos olhos, que lhe segredou ao ouvido:
-Saiba o senhor que foi meu pai quem escreveu e compôs esta canção – e perante o espanto do José Niza, explicou com um sorriso nos lábios – o menino d’oiro era eu… sou eu o menino d’oiro de que fala a canção!