Aqui ficam, em forma abreviada, umas dicas para mostrar ao Sócrtaes como saír da crise. Trata-se do extracto de um capítulo do "tratado de Política" de Aristóteles e a que sintomáticamente o filósofo deu o título de "desalento".
As notas entre chavetas são da minha autoria e do tempo em que estudei ciência política. Espero que também lhe sejam úteis, caso alguma alma penada socialista passe de relance por este limbo e tenha a amabilidade de lhas fazer chegar no inferno:
«Os demagogos deste tempo, para fazerem a corte ao povo, procuram-lhe, por intermédio dos tribunais muitos confiscos.
Os que levam a peito a salvação do Estado devem agir de maneira diversa e, em lugar de se apropriarem em proveito do povo, dos bens dos condenados, devem consagra-los à religião. (promoção de valores ético-políticos comuns, que fazem o substrato da nação e que estão consagrados nas constituições dos Estados modernos)
O castigo será o mesmo e porá termo, igualmente aos crimes, mas o povo mostrará menos pressa em condenar, uma vez que não tirará qualquer proveito da sentença. (primado da lei geral e abstracta)
Além disto, os legisladores devem tomar muito raras as acusações públicas estabelecendo penas graves contra aqueles que agem levianamente, porque não são as pessoas comuns, mas os meios mais distintos, que se costumam atacar e vexar deste modo. (política legislativa e judicial em função do desvalor social do acto, independentemente do poder económico do agente)
È preciso inspirar a toda a gente, sobretudo aos cidadãos, afecto pelo governo, tanto quanto se puder, ou, pelo menos, evitar que os grandes sejam considerados como inimigos… (a necessidade da honra e ética na política, para que o exercício da função governativa seja respeitada)
[…] Quando o Estado tem finanças reduzidas, não se devem convocar assembleias nacionais senão muito raramente; da mesma forma, não se devem reunir tribunais numerosos senão por poucos dias. (a politica governativa maximizando a eficiência do aparelho do Estado e dos tribunais para poupar recursos)
[…] Se há rendimentos insuficientes, não é preciso, como fazem os demagogos, distribuir o dinheiro que resta ao simples povo. Ainda não acabou de recebê-lo e já se encontra de novo na indigência, porque estas pessoas são barris furados a quem esta liberalidade não traz qualquer proveito. (a inutilidade e demagogia de medidas que não resolvem o problema da miséria)
Um homem (governante) verdadeiramente popular deve, antes, providenciar para que o povo não seja demasiado pobre.
A miséria é a fonte de todos os males na democracia. È preciso, portanto encontrar maneira de toda a gente desfrutar dum nível de vida aceitável, e isto duma forma duradoura; isto servirá para os próprios ricos. (a miséria é o principal mal da democracia. O bem estar material do povo é a principal função do governante)
O melhor investimento dos rendimentos públicos, quando se determinou a sua recepção, é ajudar com liberalidade os pobres para os colocar em situação quer de comprarem um pedaço de terra ou de instrumentos para o seu trabalho, quer de montarem um pequeno comércio. (a política social com investimento na requalificação das pessoas e apoio aos pequenos produtores de base)
Se não for possível socorrê-los a todos, que ao menos se ponham os subsídios na caixa de alguma tribo ou cúria ou de uma parte de estado, ora numa ora noutra. (apoio às colectividades e associações de base)
Obrigar-se-ão os ricos a contribuir para as despesas das assembleias necessárias, em vez de se dedicarem a gastos frívolos e puramente faustosos […] (a política fiscal pela tributação com escalões progressivos para os mais ricos e para o consumo supérfluo)»
Aristóteles, filósofo grego, preceptor de Alexandre Magno, in “Tratado de Política”, tradução das publicações Europa-América, 2.ª ed, pág 180