«Lá vem a Nau Catrineta
que tem muito que contar
esta Nau, diz o poeta
El-Rei a mandou armar
e de rosa a fez zarpar
para uma nova demanda
é D.José quem comanda
a barquinha em alto mar
dessa odisseia sem par
de loucos navegadores
ouvi agora senhores
outra história de pasmar
Corria o mês de Janeiro
deste Ano Santo da Graça
Teixeira contava a massa
refundida no baú
D. José coçava o cú
com um ar preocupado
olhando p’ra D. Amado
o pavão flibusteiro
perú vaidoso, sendeiro
de barbicha esbranquiçada
tenente que comandava
os negócios com o estrangeiro
Ora a preocupação
deste par de figurões
fôra a ordem dos Patrões
que nos Sete-Mares mandavam
e à Catrineta ordenavam
que arranjasse urgentemente
algo que fizesse a gente
da Catrineta-Nação
centrar a sua atenção
naqueles que em nome da fé
em Alá e em Maomé
madavam brasa ou tição
O embuste terrorista
sabia-se, fôra criado
na Nau do Almirantado
do filhos do tio Sam
p’lo conhecido clã
Bilderberg e Companhia
Skull & Bones e CIA
a fina máfia elitista
do mundo capitalista
credenciados doutores
mestres manipuladores
da arte ilusionista
P’ra nos poder enganar
tal qual o Luís de Matos
iam aldrabando os patos
“…ó patego olha o balão!…”
presta-lhe toda a atenção
não desvies o sentido
mantém-te bem distraído
vendo o balão a pairar
que assim vamos poder dar
outro nózinho à laçada
sem que repares em nada
com os cornos postos no ar
Com os fantoches comprados
nas ricas Naus do Oriente
iam distraindo a gente
tirando Al Quedas e afins
Bin Ladens e outros mastins
qual coelhos da cartola
destes mágicos da escola
de Harry Potter formados
messias iluminados
adoradores de Satã
que com pézinhos de lã
partem o mundo em bocados
Ora voltemos ao fado
que vos estava cantando
D. José estava coçando
com a destra o olho do cú
“Ó Amado, vê lá tu
se essa mona inteligente
inventa algo pungente
que seja mui bem contado
sem deixar desconfiado
um só marujo com a treta
aqui na Nau Catrineta
que eu estou tão desinspirado!”
“Meu ilustre Capitão
eu tenho uma ideia em mente!…”
“Então bufa cá p´’rá gente
porque é tarde e o tempo urge!”
“A ideia que me surge
foi em Espanha experimentada
e a turba foi na argolada
mudando de opinião
e em massiva votação
deram à rosa a vitória
tão bem foi tratada a história
p’lo nosso partido irmão!”
“Ó Amado, estás parvinho?!…
acaso pensas mandar
a ré ou porão ao ar
p’ra resolver a questão?!…
Isso custa um dinheirão
os Espanhóis têm caroço
e tu sabes que eu não posso
mandar fora um só eurinho!?…
vai lá mais devagarinho
inventa uma outra peta
que o baú da Catrineta
sabes bem que está tesinho!”
“Ó Capitão, eu não falo
de estoiros ou de fogacho
pois bem sei que anda em baixo
o maneio do baú…”
“Então de que falas tu
ó meu Amado tenente!?”
“De um plano bem diferente
que pode também dar estalo
aposto que vai levá-lo
a que sem hesitação
mande executar a acção…”
Então passa a apresentã-lo!”
“Vai pedir ao Capitão
da rosa espanhola irmã
p’ra que logo p’la manhã
mande prender três monhés
e que espalhe lés a lés
que a Catrineta era vista
como um alvo terrorista
da gávea até ao porão
depois o D. Balsemão
D. Sebrian e os delfins
colocam os seus pasquins
berrando até à exaustão…
…<<Catrineta ameaçada
pelos fundamentalistas
dessa Nau de terroristas
que apavora os Sete-Mares
guisava mandar aos ares
a pobre da lusa-Nau
mas a bófia estava a pau
e a jihad foi travada>>
a turba fica borrada
segunda parte da acção
escondida numa estação
uma mala abandonada…
…e a’crescentar ao rol
sabeis pois vós o que penso?…
podía-se atar um lenço
<<Made in Palestina>> à asa
não achais vós que isto arrasa
os nervos de qualquer um?…
a maleta fazer PUM!!!…
e ir desta p’ra melhor?…”
” Ó Amado, és o maior
mas que ideia mais brilhante
vamos levar isto avante
antes que se ponha o sol
Só que há algo, meu amigo
que temos que resolver
o que é que vamos dizer
à ralé da Catrineta
quando virem que a maleta
que ali fôra colocada
afinal não tinha nada
que não era do inimigo?
depois como é que eu consigo
sem ser alvo de chalaça
convencer a populaça
que podia estar em perigo?”
“D. José, de Portugal
o senhor que é rei coroado
dos tangueiros deste estado
da Nação da Catrineta
que sois marajá da peta
e um tretas-mor de primeira
estais hoje com a mioleira
em plena greve geral?!…
não sabeis vós afinal
que a rale é bem parvinha
e engole chumbada e linha
mais a minhoca fatal?
Basta dizer-lhes, caneco
que p’la sua segurança
merece desconfiança
tudo o que seja suspeito
um coxo a andar direito
um cego sem instrumento
ou uma saca de cimento
nos costados de um marreco
e enquanto olham “p’ró boneco”
com uma só cajadada
logo ali de uma assentada
manda aqueles dois borda-fora
a Bela culta senhora
e o Campos patareco!”
E assim se passou à acção
tal qual como a cogitara
essa espécie de ave-rara
que só de nome é amado
que há quem diga que é danado
ou melhor, atiradiço
a todo e qualquer chouriço
que lhe passe ao pé da mão
e não o come com pão
nem cortadinho aos bocados
segundo alguns desbocados
da Catrineta Nação»
"Zeca da Nau" In Nau Catrneta