«Eu, português, conheço pelo menos dois portugais; um o dos portugueses, e outro o das portuguesadas. Eu creio firmemente que querer servir Portugal em portuguesadas é a mesmíssima coisa que meter-lha capilé p’ras veias. Portuguesadas são excelentes para fins de festa que tenham outro fim que não seja o de acabar com a festa.
Não há maior inimigo do português do que as portuguesadas…
A portuguesada é uma tremenda falta de pontaria do português.
E por este andar o nosso querido Portugal irá sistematicamente sendo substituído pelas portuguesadas.
O monumento ao marquês de Pombal o que é senão uma grandíssima portuguesada com todos os seus matadores? Aquilo afinal resume-se a contenda de Loja de Sacristia! Da história do Marquês está lá tudo em pedra, bronze e leão; mas qual é o português que aprenderá alguma coisa da história do Marquês porque lho tenha ensinado aquele monumento? Nem patavina!
Um forasteiro das festas da cidade de Lisboa, em 1934, teve de prolongar a estada na capital depois de terminado o programa de festejos. E o pobre provinciano andava intrigadíssimo pelo facto de a C.M.L. não ter ainda mandado apear “aquilo” da Rotunda se as festas já tinham acabado há muito tempo!
Com mil raios, é esta a melhor crítica, a mais justa que temos ouvido, sobre este monumental monumento» (Negreiros, Almada, Obras completas, Editorial Estampa, 6 p.183)