«Aqui fica o registo, o Bilhete de identidade da mula de Albino Leonardo, latoeiro de profissão. A mula, para além dos transportes domésticos, servia para levar cargas de obra a todas as feiras e mercados próximos - Alfaiates, Miuzela, Freineda, Bismula. da carga faziam parte: caldeiros, baldes de regar, regadores, ogadores, lanternas, candeias, azeiteiras, funis, toupeiras, enchedeiras, copos vários, jarras, bacias ...
Para além disto, fazia regularmete as vistorias e apta a ser requisitada pelo Ministério da Guerra em caso de necessidade.
Desta mula se contam muitas histórias. Animal espantadiço, havia de derrubar o dono, corria o ano de 1948, tendo causado grave traumatismo numa das pernas de que viria a falecer. Em todas ashistórias subjaz a mulice, uma esperteza e manha própria deste solípede. Daí o dito: «Mula que faça hi! hi! e mulher que saiba latim não a quero para mim»
A herdeira da mula, foi a viúva Isabel Silva que continuou o trabalho de latoeira e a vender a obra nas feiras. Depois a idade ditou o fim da mula e a chegada do plástico ditou o fim da artista. A mulher continuou ainda por longos anos cultivando a horta do Mindagostinho cuja presa em tempo de rega era despejada de manhã e à tarde».