Aqui cheguei, o corpo cansado.
Na vida breve, no amor também.
As estações passando pela minha pele
Como ténues ventanias
Fustigando os ramos
Em feliz melodia.
Dos tostões ganhos com afã,
Um níquel chega para o óbulo;
A passagem resgatada,
A barca pronta, com o seu barqueiro.
Só uma pequena moeda para a viagem,
Quando fechando os olhos,
Apagamos a luz da nossa mente
E o clamor das sombras
Conflui do lamentoso brotar das raízes
Pelas nodosas veias do tronco,
Às folhas.
Uma viagem demorada,
Num rio calmo,
Enquanto a sombra nos vai envolvendo,
Que quando uma árvore cai
Não fica logo a dormir:
Existe sempre um pequeno intervalo,
Entre a Luz e as Sombras,
No exacto momento
Em que se passa
Para o mundo aquifero.
E depois...
As folhas secam,
Pois já nada consegue apagar
A insaciável treva da morte.