Chegado de véspera, visitei a aldeia vizinha. Ao passar numa das ruas, uma idosa, cumprimentando-me, chamou-me pelo “petit nom” de infância. Fiquei suspenso no tempo, breves instantes.
-Menino! - E quase ao ouvido - menino Joãozinho!
Além do “petit nom”… A familiaridade do trato, como se eu ainda fosse criança!.
Uma onda de ternura subiu-me dos pés, passou pelo coração, percorreu o corpo, aflorando aos lábios, em sorriso. E estremecendo:
-Ah?... Que foi?
Reconheci naquela idosa a senhora, que ao ver-me passar, petiz, pela mão de minha mãe, descia o balcão com um regaço de goluseimas.
O marido espreitando em camisa interior ao balcão, ainda a repreendeu:
-Ó mulher… então! – e dirigindo-se-me – queira vossa insolência desculpar – era assim que dizia excelência - os modos da minha mulher.
Ó homem – justificou-se ela - já andei aqui com o menino ao colo! - E abrindo o avental. - não foi, menino?
-Sim… foi.
No regaço... exibiu o seu tesouro: biscoitos, galhetas espanholas, rebuçados de vários sabores e cores, com e sem recheio; alguns chocolates.
E servi-me com o mesmo à vontade de quando era criança.