Este rio que corre
para trazer
a frescura à terra
sem se deter.
Um fio de vida estendido entre as hortas, um pouco acima
do açude,
como um cordão umbilical
saído do ventre da terra, desenrolado entre as montanhas,
até ao mar. Ao fim da tarde sentei-me nas resguardas, um instante, só para o ver correr, enleando-se
no mata-cães da ponte.
Na claridade do fundo arenoso
vi, aflorar à superfície,
os limos numa tonalidade avermelhada,
pronunciado o fim de Julho
e um barbo bolinando,
corrente abaixo.
O Manel chamou do balcão.
A mancha vermelha que tingia os limos, ergueu-se
para alcançar as nuvens.
Levantei-me no alento breve
e vermelho
do céu incendiado;
E outro rio correu,
generoso,
para trazer
a frescura aos meus lábios,
na adega do Manel.