A Maria tem dois filhos
Pequeninos, com intervalo de meses
O mais velho, -a cara chapada do pai-
Trá-lo ela pela mão
E o caçula ao colo.
Puxou-lhe o mais velho a saia
-Mãe… dá um chupa!
E a Maria impacienta-se
-Não!... A mãe não tem tostão!
O filho bateu o pé, barafustou
-Anda mãe…vá lá!...
Novo puxão na saia
-Não!... Já disse!
O caçula meteu-lhe a mão no peito
-Não!... Tira!...
Choraram os dois, resmungaram…
Ela já não sabe o que fazer!
Abre a carteira, procura…
Tira uma placa de níquel,
-Toma… vai lá pedir ao Nuno
E o miúdo desapareceu na porta do comércio.
Voltou com um chupa, vermelho, enorme!
-Olha mãe!... –exibindo-o – sabe a morango!
Tanto o caçula manobrou, e revolveu
Que um mamilo pulou para fora
E lhe sujou a cara
De respingos de leite
Ele abocanhou-o
Olhou para a mãe,
Esta alisa-lhe os dois fios de cabelo
-Vá…dorme…
Revirou os olhos
A rir-se para o irmão…
E adormeceu.
A Maria senta-se na pedra.
Um suspiro:
-Haaiiii…
Exausta.