Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009

 

 

 


 

               É coisa que toda a gente sabe, mas ninguém diz, por medo de alarme social, à excepção de Loureiro dos Santos e Medina Carreira, que haverá grande instabilidade social e isto vai acabar mal.

                Que chegámos ao fundo do poço, ninguém duvide: 17% de índice de pobreza, 70% de dependência alimentar externa, fecho generalizado de empresas, índice negativo de crescimento demográfico, desertificação e envelhecimento do interior, crescimento incomportável da divida externa, imoralidade da classe política.

                É preciso, digo-o com todas as letras, soletrando – sílaba por sílaba – uma re-vo-lu-ção! Mas que revolução? Nesta altura do campeonato, tanto faz! Cada um que escolha a sua!

E para que cada cidadão possa escolher a revolução que lhe convém, aqui apresentamos de antemão, como Eça na sua campanha alegre, notícias que de cada uma delas darão os jornais da vitória:


 

                Revolução n.º 1:

 

               -27 de Janeiro- J.M.C., tipógrafo chefe da Imprensa Nacional da Casa da Moeda, dá entrevista em que relata que a alteração à ZPE na área do Freeport se deve a gralha de impressão; O lapso será rectificado em DR posterior. Inquérito da Procuradoria, concluído em dois dias, iliba Sócrates no caso Freeport. O Governo, que felizmente nos governa, continua a sua magnífica obra de contenção do défice, aumento do emprego, diminuição da carga fiscal e reforma da administração pública. O banqueiro Jardim Gonçalves é detido, quando janta no Tavares Rico – conta quem assistiu, que reagiu com elevada dignidade; o piquete da PJ foi discreto, permitindo que o conhecido banqueiro degustasse até ao fim o afamado bife à casa -. S Exa., o Presidente da República, recebe em audiência semanal na sua residência de Boliqueime, onde prolongou as férias de Natal, S. Exa. o senhor primeiro-ministro. É avistado no pão dos pobres, na Igreja de Santo António à Sé, o conhecido empresário Joe Berardo; embora embuçado e com barba de semana, foi reconhecido pela sua habitual indumentária preta. O Poeta Manuel Alegre, de partida para Jacarta, onde foi colocado como embaixador, visita a exposição de Júlio Pomar, no palácio foz. O Sr. Cardeal Patriarca exige que o PR vete a lei dos casamentos gays; O PR, não obstante, promulga-a. A SGTP congratula-se com a suspensão do novo código de trabalho. O Governo cria fundo de apoio às pme’s. A taxa de desemprego desce ligeiramente; vai renascendo a esperança.


 

               Revolução n.º 2

 

             -27 de Janeiro- O Dr Paulo, Juiz titular do 3.º Juízo Criminal de Leiria preside a uma busca numa agência bancária da cidade, no rasto dos 4 milhões de euros do caso Freeport. O Primeiro-Ministro, impotente para debelar a crise e desgastado pelo escândalo, demite-se. O PR pede a Dias Loureiro que convença Manuel Alegre a presidir a um governo de unidade nacional; Este corre Dias Loureiro e comitiva a pontapé. O PR, sem alternativas, indigita Paulo Portas, que empossado às 13 horas, vai em grande comitiva, almoçar ao Tavares Rico. Chega da sua visita “ad limine” à Sé Apostólica, o Sr. Cardeal Patriarca; Mantêm, ficamos a saber, as reservas aos casamentos mistos entre católicas e muçulmanos; ao inverso, não. A primeira medida do novo governo é queimar os arquivos do ministério do ambiente relativos ao caso Freeport e Portucale. De seguida licencia a tropa, põem a Guarda Republicana de prevenção e fecha os jornais da oposição. É apupado à saída de S. Bento o ex-ministro Santos Silva; não se livra de uma saraivada de sopapos e uma dúzia de ovos podres. À noitinha, são apanhados a sair do Gambrinus os comentaristas Polido Valente e Sousa Tavares – conta quem viu, que vinham de braço dado, muito amigos; juram outros que pareciam embriagados-. Os novos membros do governo atribuem-se ordenados de 15.000,00€; esfuma-se a esperança.


 

                 Revolução n.º 3

 

                -27 de Janeiro- Levantamento popular por todo o país. Formam-se por toda a parte comissões populares. A tropa sai à rua, secundando o povo. É saqueada a casa de Sócrates na Rua Braancamp. Dissolve-se o parlamento; cai o governo. Telegrafa-se a Bruxelas a dizer que agora é o povo quem manda. Vão presos e responder a processo os principais vultos dos últimos anos da política nacional. Desembarca em Paris, onde se exila, o conhecido empresário e capitalista Jorge Mello. O Poeta Manuel Alegre é indigitado pela Junta Governativa para formar governo provisório. É certa a reforma dos impostos, a suspensão das medidas do regime deposto, nova constituição. Há semanas que não há notícias do PR e do  Sr. Cardeal Patriarca; diz-se que um está a ares em Boliqueime, o outro em repouso na sua casa de Alvorninha. Corre que os comentaristas Polido Valente e Sousa Tavares se pegaram à lambada quando saíam do Gambrinus – conta quem viu, que estavam embriagados-. Cada membro do novo governo provisório prescinde do salário; renasce a esperança.


 

 



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Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2009

 

 

 

 

No interior da província, numa colina sobranceira ao Côa, vigiada por uma branca torre sineira, que marcava o tempo e o ritmo à vida, existia uma pequena aldeia, semeada de pequenas casinhas, que desciam em tortuosas vielas, até um pequeno largo.

Os habitantes, na maioria idosos, viviam do que a terra dava; das vacas que pastavam nos prados e dos rebanhos que pastoreavam pelos montes.

Quase todas as casas, eram de pedra. Num primeiro andar viviam as pessoas; no piso térreo, os animais; todos em perfeita cooperação e doméstica harmonia.

Adossado à casa, quase sempre o cortelho onde engrossava o porco, que dava os chouriços e presunto pelo Natal. Debaixo das escadas, o poleiro, onde se criavam as galinhas que punham os ovos frescos e davam a canja que fortalecia das gripes de Inverno e melhorava o jantar nos dias de maior nomeada, ou de visitas.

Pois numa dessas casas, vivia um casal de velhos; com eles um gato lambão, de preguiçosos bigodes, meia dúzia de cabras, “só para entreter” -como dizia o velho- e um cão vadio que a velha por compaixão, recolhera.

Debaixo do balcão de pedra, tinham os velhos um desses poleiros onde criavam uma meia dúzia de galinhas poedeiras, outras tantas frangas na engorda, alguns pintos irrequietos e um vistoso galo, que empanturravam para a festa da padroeira.

Todos os dias, pela madrugada, a velha se levantava e a primeira coisa que fazia era afastar a pedra ao buraco do poleiro.

-Pila, Pila, Pila! Pita, Pita, Pita! – Chamava a velha.

Saía logo o galo, seguido das galinhas, pintos e das frangas, uma a uma, a debicarem o milho que a velha espalhava no terreiro, bebericando a tempos, num bebedouro em pedra, que por ali havia.

De papo cheio, faziam as galinhas o seu exercício matinal, esgravatando com os pintos minhocas pelo curral, aninhando-se depois, exaustas, debaixo das cerejeiras e oliveiras de canteiro, plantadas rente ao muro.

O galo, no meio do terreiro, sacudia as asas de penas verde-garrafa e castanhas, ensaiando de tempos a tempos, exibicionistas marchas marciais; e nisto passava os dias.

As vezes, empoleirava-se numa galha da macieira do quintal, esticava o gasganete, sacudia a crista e lá esganiçava um esforçado “cócórócó”.

De vez em quando uma galinha entrava no poleiro, e momentos depois um cacarejar frenético, anunciava mais um ovo, que a velha corria a recolher e a guardar na arca, entre o grão de trigo, para o manter fresco.

As galinhas, todas boas poedeiras, punham por junto, meia dúzia de ovos diários, que a velha, como pecúlio, ciosamente guardava, para vender na feira mensal.

Contudo uma das galinhas, pintalgada, pescoço pelado, crista vermelha e recortada, de raça “pedrês”, era a melhor poedeira da velha! Punha todos os dias um ovo e pasme-se, ovos com duas gemas!

Tinha a velha grande afeição a esta galinha, à qual tratava com especial cuidado. Sentada nos degraus do balcão, aconchegava-a a velha no regaço, acariciava-lhe a crista, cobria-lhe de beijos a cabeça e na palma da mão, oferecia-lhe grãos de milho, que a galinha, gulosa, debicava.

E assim passavam os velhos os seus dias, cuidando ela da criação e amealhando os ovos na arca; guardando ele, por distracção, as cabras nos montes.

 Até que um dia, ou melhor numa manhã, daquelas frias de Inverno, que gelavam no bebedouro a água e revestiam o pátio de “côdo”, a velha foi destapar o buraco ao poleiro, e ao chegar à ponta do balcão, o seu coração teve um sobressalto!

A pedra estava arredada do buraco, havia penas espalhadas nas escadas, pelo terreiro, debaixo das árvores, no quintal.

Desceu a velha aflita as escadas -Pita, pita, pita!, pila, pila, pila! - Chamou ela, como de costume.

Nem galinhas, nem pintos, nem galo, saíram do buraco para debicarem o milho no terreiro.

-Pita, pita pita! Pila, pila, pila! - Chamou novamente a velha, espreitando pelo buraco.

Mas, nem galinhas, nem pintos, nem galo, havia dentro do poleiro.

Correu a velha assustada, procurou no quintal, em todos os buracos de parede possíveis e imaginários, na moreia da lenha, na loja, na adega, nas redondezas, mas das galinhas, dos pintos, do galo, só mesmo as penas espalhadas por todo o lado!

Combalida, sentou-se a velha ao fundo das escadas. Abanava a cabeça, contorcia-se, soltava sofridos ais, enxugava as lágrimas ao canto do avental.

-Não é nenhuma tragédia, mulher – dizia-lhe o velho para a consolar – pior, seria uma doença!

-Ai homem, ai homem, deixa-me! - e nisto deixava escapar profundos gemidos - lá se foi a minha alegria, - mais gemidos - ai que lá se foi o nosso rico pãozinho, ai tanto trabalhinho para nada, homem! 

             Estava a velha neste pranto, o velho a tentar consolá-la como podia, quando ouviu a velha um tímido “Cácácárácá”.

Incrédula, a velha levantou-se. Do buraco do poleiro, a meio das escadas, assomou uma crista, depois uma cabeça, finalmente, assustada, a galinha “pedrês”.

Subiu a velha, contente, os degraus dois a dois, apertou a galinha ao peito, beijou-a, afagou-a e chorou de alegria!

           -Minha linda, minha rica – e dava-lhe repetidos beijos na crista - estás salva, meu tesouro, estás salva!

E nisto, recostando-se às resguardas do balcão, exibindo para o velho a galinha “pedrês” ainda assustada, exclamou:

-Louvado seja Deus, ao menos esta escapou! Ao menos esta escapou!

 

  

 (Conto inspirado em Isabel Valério e Joaquim Pascoal, de Badamalos)

 



publicado por Manuel Maria às 17:37 | link do post | comentar | ver comentários (3)

 

 

 


Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade,

Conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituída, com sífilis, dermite nos dedos,
uma aliança empenhada e o dentes em petição de miséria.

Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou
médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.

Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.

Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez
nada disso: mudou de casa.

Viveram três anos assim.

Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.

Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos,
Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua

Clapp,
outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato,
Inválidos...

Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de
inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em
decúbito dorsal, vestida de organdi azul.


 

 Manuel Bandeira - poeta neo-realista brasileiro

 

 



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O caso era por injúrias ao vizinho. A arguida chamara-lhe nomes feios e ele, ofendido, deduzira a queixa.

Depois, após o crivo do inquérito e debate instrutório, ali estávamos, juiz, procurador, advogados, queixoso, arguido, testemunhas e assistência, para o julgamento aprazado.

A arguida, à “praxe” nada acrescentou, por isso ouviram-se as testemunhas, que vizinhas das partes, com as quais se não queriam indispor, iam fugindo como podiam às questões postas pelo juiz e pelo advogado do queixoso.

- Minha senhora – insistia o advogado do queixoso – diga a este tribunal o que ouviu em concreto a arguida chamar ao queixoso.

- Ora, senhor doutor – gaguejou a testemunha - disse que a mãe e a mulher dele não se portavam bem…

Não se portavam bem… - o advogado cofiou a barba, hesitou – não se portavam bem como, minha senhora? -

- Não se portavam bem… Só isso...

- Bem… No inquérito a senhora afirmou que a arguida chamou nomes ao queixoso. – Exaltando-se – Afinal, que nomes foram esses?

O juiz levantou os olhos dos apontamentos. Silêncio da testemunha. O advogado insistiu:

- Que nomes foram esses, minha senhora?

Um popular levantou-se na assistência e comentou em voz bem audível na tribuna dos magistrados e advogados, apontando para a testemunha:

- Está aqui com pudores, mas em casa chama cabrão e outras coisas bem piores ao marido.

Risada geral. O juiz fingiu-se zangado e advertiu o público.

- Senhor doutor  – dirigiu-se o advogado do queixoso ao juiz- a testemunha tem que dizer a este tribunal “ipsis verbis” o que ouviu a arguida chamar ao queixoso; caso contrário não vale.

- Minha senhora – suspirou o juiz – tenha paciência, mas tem que dizer precisamente o que ouviu, palavra por palavra para que fique registado nos autos e satisfaça aqui o senhor doutor.

- Cabrão, filho da puta e corno – desembuchou ela, de rajada.

- Viu, minha senhora – concluiu o juiz – afinal não foi assim tão difícil!

Nós rimos, satisfeitos, enquanto a testemunha, aliviada, tirando o lenço da manga da blusa domingueira, limpava o suor da testa.

O queixoso, esse não riu; contorceu-se de vergonha na cadeira. Acabava de ser insultado outra vez!

 



publicado por Manuel Maria às 09:54 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Quarta-feira, 14 de Janeiro de 2009

 

 

 

 

um pássaro mudo.

 

 



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Segunda-feira, 12 de Janeiro de 2009

 

 

 



Canário bom na gaiola?

Bom é cabeça de fogo,

que dominando o terreiro

canta os cantos

que não cantam

os canários do viveiro.

E bom mesmo, de verdade,

é o sabiá-laranjeira

que come os frutos na planta

e canta a manhã inteira.

Boa, enfim, é a liberdade

do beija-flor, que encantando,

é livre porque não canta.

 

 



 

Messias da Rocha que me segue, por ordem alfabética, na antologia brasileira "Poetas do Limbo".

 



publicado por Manuel Maria às 20:37 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo, 11 de Janeiro de 2009

 

 

               

                Finalmente o circo montado em volta do caso chegou ao fim. Não tomaria as proporções a que chegou, não fosse a campanha montada pelo casal Gomes para branquear o seu comportamento criminoso e moralmente reprovável e que muitas figuras públicas acobertaram, a ponto de se inventar uma curiosa figura de “paternidade afectiva” para justificar o absurdo da situação.

                A verdade neste caso é simples e a solução evidente e aqui fica para quem tiver paciência de ler:

                A Mãe biológica, Adida Porto, era mulher de vários relacionamentos amorosos e teve mais um com Baltazar.

                Assim que engravidou, comunicou paternidade a Baltazar. Este como é rústico, mas não é parvo e sabe que anda por aí muito filho e filha da mãe a chamar pai a outro, não foi em conversas e aguardou prudentemente o resultado do teste de paternidade a que voluntariamente se submeteu no âmbito do processo oficioso de averiguação de paternidade.

                O resultado demorou, como demora tudo o que depende dos organismos oficiais neste país; mas veio. Desfeitas as dúvidas, Baltazar pediu logo a guarda da filha. Veio a sentença, também decorrido algum tempo e entretanto tinham passado dois anos na vida da Esmeralda.

                Despacha o tribunal no sentido de se notificar o casal Gomes para entregar a criança, mas estes fogem às notificações e desaparecem com a menor (foram julgados por sequestro ou subtracção da menor). Baltazar não se dá por vencido e insiste na entrega. O casal Gomes entretanto aparece, porque a condição militar de Luís Gomes deixa rasto. É detido e julgado enquanto a mulher continua em parte incerta com a criança.

                Aproveitando o mediatismo do caso, a simpatia da opinião pública e o poio de varias figuras públicas, a mulher de Luís Gomes reaparece com a criança, confiando que seria a justiça dos media e não a dos tribunais a que iria prevalecer.

Nisto passaram-se mais quatro anos na vida da Esmeralda.

                Postas as coisas no seu devido lugar, ainda acha o leitor a conduta do casal Gomes jurídica e moralmente aceitável?

                Adivinho a objecção do estimado leitor:

                …«Mas afectará psicologicamente a criança retira-la agora ao casal Gomes, com quem já criou laços afectivos.»

                Talvez. Mas um adequado acompanhamento técnico pode minorar o problema. Em todo o caso seria moralmente inaceitável o casal Gomes vir a beneficiar de uma situação de que é o único responsável, ao protelar durante quatro anos a entrega da criança em desobediência a uma ordem do tribunal.

                Estou mesmo a ver a nova e perspicaz observação do leitor:

                …«Mas a criança tinha melhores condições de vida ficando com os “pais afectivos”.»

                Já cá tardava a subtileza do “pais afectivos”. Vamos lá esclarecer o seguinte:

                Só tem acesso às alegrias da paternidade, a legar o património genético, ao amor filial e paternal, quem for economicamente favorecido?

                Um pobre desgraçado não pode ter filhos?

                A criança teria melhor vida com o casal Gomes. Então tira-se ao Baltazar, que é o pai biológico, mas pobre?

                Eis o absurdo dos absurdos a que chegámos, caro leitor, com este raciocínio:

                Quando uma criança nascer pobre, o estado confisca-a e entrega-a a uma família infértil e mais remediada ou rica, para que tenha mais sucesso na vida.

                A Esmeralda fica com o Baltazar e fica muito bem! É que aos pobres também sobra uma qualidade que muita gente rica não tem:

                Amor!

               

 



publicado por Manuel Maria às 00:52 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 9 de Janeiro de 2009

 

 

Cesarao river May 08

 

Sol a pique

Sombra dos freixos

Água calma

Do Cesarão.

 

(Três horas

De solidão

Só pelo vício!)

 

Tensão na linha

Baque no peito

Puxão

Salto

Estertor

e Zás!

 

Magnífico Barbo

Que vai para o saco.

 

 



publicado por Manuel Maria às 15:17 | link do post | comentar

Segunda-feira, 5 de Janeiro de 2009

 

 

 

                Na entrevista da televisão desculpava-se Sócrates que «não podia ter previsto a crise. Que vai fazer tudo para ajudar os portugueses com menos rendimentos, apoiar as pequenas e médias empresas, combater o desemprego. Quer, por isso, nova maioria absoluta.»

 Sócrates refere-se à crise como sendo a internacional, induzida do exterior pelo “rebentamento da bolha” do imobiliário na América. Omite a nossa, estrutural, que é endémica, crónica e verdadeiramente preocupante e para a resolução da qual nada fez.

                Os sintomas desta crise interna há muito estão diagnosticados e agravaram-se desde o tempo em que os ensinava o meu saudoso mestre de Finanças Públicas, Prof. Sousa Franco: Inexistência do sector primário, improdutividade do secundário, terciarização da economia, salários abaixo da média europeia e preços dos bens a nível europeu, elevadas carga fiscal e despesa pública, sobre endividamento externo e défice acentuado da balança de transacções correntes.

                Mas como uma desgraça nunca vem só, à crise interna juntou-se a crise internacional. A gripe de que convalescia a nossa economia, degenerará em pneumonia por causa de um imprevisto resfriado: A recessão a nível internacional, reduzirá drasticamente as exportações, aumentando o défice da balança comercial, o encerramento das fábricas e o desemprego.

                E como as famílias não têm rendimento disponível, não compram;  como não compram, as fábricas não vendem; como as fábricas não vendem, não produzem; como as fábricas não produzem, fecham; como fecham as fábricas, aumenta o desemprego e diminui o PIB; como aumenta o desemprego e diminui o PIB, diminui a receita fiscal; como diminui a receita fiscal, aumenta o défice.

                Debelar esta crise, é pois, como se viu pela amostra, empreitada mais complicada que cortar as sete cabeças da Hidra de Lerna. E Sócrates não é semi-deus como Hércules.

                Na sua fanfarronice, Sócrates diz que vai combater a crise. Não teve industria antes, vai conseguir agora, que é tarefa ciclópica? O fôlego da nova maioria que pede é por isso inútil.

 Isto faz-me lembrar aquele episódio de Nero que consultando o oráculo de Delfos e este lhe dizendo para só «temer os setenta e três anos» («Τά έβδομήντα τρία χρόνια νά φοβάται»), concluiu ainda ter trinta longos anos para gozar (Eίχε kαιρόν  άkόμη νά χαρεϊ). Mal sabia ele que entretanto na Espanha, às ocultas, Galba, à data com setenta e três anos, reunia um exército para o depor (Kαί  στ ήν  ό Γάλβας  kρυφά τό στράτυμα τον  συναθροι).

É que pelo oráculo de Delfos, o tempo de Sócrates também já passou! Só ele ainda não deu conta!

 Agora perguntam vocês: Então o que havemos de fazer? Oiçam mais uma vez o oráculo, pela boca do governador do Banco de Portugal:

-«Adaptem-se o melhor que souberem à crise

Traduzindo por miúdos:

Salve-se quem puder... No fim, "entre mortos e feridos, alguém há-de escapar!"

 



publicado por Manuel Maria às 12:35 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sábado, 3 de Janeiro de 2009

 

 

 

Vindo à fronteira para fazer a guerra

Viu El-Rei aquela língua de terra

Entre o Águeda e Côa estendida

E achou-a muito mal defendida.

 

E como a Vontade de Rei

Naquele tempo era lei,

Ele que desflorava todas as belas moças

Que por essas vilas e boiças

Do reino havia,

 

Tomou também à força

Aquela bela donzela

Que a seus pés dormia.

 



publicado por Manuel Maria às 09:47 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 1 de Janeiro de 2009

 

 

     Na fachada da igreja de ViLa da Rainha foi descerrada uma placa,  que assinala o casamento naquele local, de Nuno Alvares Pereira com D. Leonor Alvim, em 15 de Agosto de 1376.

     Lembra a mesma placa, que daquele casamento descendem todos os reis e Imperadores católicos da Europa e ainda os Imperadores do Brazil, do México e da Abissínia.

    Tão boa cepa, só podia dar bom vinho...

 



publicado por Manuel Maria às 20:40 | link do post | comentar | ver comentários (1)

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