Quinta-feira, 29 de Novembro de 2007

 

 

  

Quando era miúdo

- ao tempo que isso já lá vai-

entretinha-me à beira do rio

a atirar pedras

só para as  ver fazer ricochete

e ouvir o grasnar dos patos a levantarem

assustados

entre a sombra dos arbustos,

passando baixos,

junto à água.

 

Depois

deitava-me no restolho,

esquecido de tudo

ouvido colado ao chão,

a ouvir

o canto das cigarras

e das raízes.

 

Minha mãe chamava-me então do cimo das eiras

Eu fingia não ouvir

E colava cada vez mais o ouvido ao chão

Para melhor sentir

Aquele poema que a terra me dizia! 

 



publicado por Manuel Maria às 15:47 | link do post | comentar | ver comentários (1)

 

 

  

 

Um velho vai a uma casa de meninas e pergunta pela Natacha. A “Madame” adverte-o:

- A Natacha leva 1.00,00€ por sessão; o senhor não prefere antes outra menina mais em conta?

- Não, não… Quero a Natacha – insiste o velho.

            O velho voltou nas duas noites seguintes também e pediu a Natacha. Esta, intrigada com a fortuna do velho, quis saber de onde era ele.

            -De Famalicão – lhe respondeu o velho.

            -Tem graça… também eu!

            -Sim… eu já sabia…

            -Como assim?

            -É que sou o advogado a quem suas irmãs encarregaram de entregar as tornas de 3.000,00€ que lhe couberam de herança… 

 

 



publicado por Manuel Maria às 15:45 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo, 25 de Novembro de 2007

 

 

 

Somos um país pequeno e pobre e que não tem

senão mar

muito passado e muita História e cada vez menos

memória

país que já não sabe quem é quem

país de tantos tão pequenos

país a passar

para o outro lado de si mesmo e para a margem

onde já não quer chegar. País de muito mar

e pouca viagem.

 

         

                                                                                                         

                                                                                      Manuel Alegre

 



publicado por Manuel Maria às 18:27 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Terça-feira, 20 de Novembro de 2007

 

 

 

A velha nogueira sobre o muro do jardim,

À sombra da qual minha mãe descansava,

Foi secando lentamente

E agonizou.

 

Mandei o Paulo arrancá-la com o tractor

E com ela também as roseiras do meu pai;

Mas o que verdadeiramente ordenei ao Paulo que arrancasse,

Com aquela nogueira e aquelas roseiras…

 

Foram as últimas lembranças

De minha mãe

E de meu pai

Naquele jardim.

  

E com elas

as minhas raízes.

 

 



publicado por Manuel Maria às 14:40 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Segunda-feira, 19 de Novembro de 2007

 

 

 

            

 

            Em o Banquete, Platão descreve um banquete que decorreu em casa de Agatão, em 416 a. C., o qual festejava a sua primeira vitória no festival do teatro de Dionísio em Atenas.

            A historia, que é contada em segunda mão, relata uma discussão entre doze convidados, incluindo Sócrates e quatro atenienses ilustres: Aristófanes (dramaturgo), Pausânias ( discípulo do Sofista Pródico) e Alcíbades (estadista ateniense e admirador de Sócrates).

            À saída dos banhos públicos, Sócrates, vestido com as suas melhores roupas, encontra Aristódemo e convida-o a acompanhá-lo. Agatão (cujo nome significa cavalheiro), da-lhes as boas vindas, senta Sócrtaes à sua esquerda e saúda Aristodemo. Depois de prestarem homenagem aos deuses, Exímaco, um médico, introduz o tópico da discussão do dia: O Amor. Os convidados falam por ordem, da esquerda para a direita, à volta da mesa, até quem cada membro tenha dado a sua opinião. Discorrem sobre o amor, até que chega Alcibíades embriagado e rezingão, que zomba por todos ainda se encontrarem sóbrios e depois aludindo aos seus rejeitados avanços homossexuais sobre Sócrates, que no entanto aceitaria os de Agatão, provoca-o:

«[…]Nunca haverá um homem que se lhe compare, nem antigo nem moderno, a menos que não tentemos compará-lo com qualquer dos homens, mas sim com os silenos e sátiros, os quais os compararei a ele é à sua conversa».

Estas palavras de Alcibíades, lidas atentamente, são uma crítica às maneiras aristocráticas de Sócrates, que só bebe o vinho ritual. È igual a todos os homens, diz Alcibíades por despeito, só se distingue deles por não beber como os Silenos e Sátiros,  verdadeiros foliões (de philoinia – etimologicamente os que gostam de vinho ) os quais bebiam o vinho não misturado na cratera, o que era considerado um sinal de incultura e barbárie.

Sócrates, ignora-o e continua a conversa, discutindo tragédia e comédia até horas tardias com Agatão e Aristófanes, até que sai, pela madrugada.

            A análise mais detalhada do diálogo, quem tiver curiosidade intelectual, poderá fazê-lo em Ross, T.M. Essaus in Greeck Philosophy, Oxford, Clarendon, 1969 e também em Skemp, Joseph Bright, Plato, Oxford, Carendon Press, 1976, acompanhando com o texto integral de o Banquete traduzido pelas Publicações Europa América, edição de bolso, n.º 168.

            O interessante é queorque Platão situa a discussão filosófica, no contexto de um banquete. Isto explica-se pelo culto dionisíaco e a veneração do vinho no arcaísmo e um conceito de vida muito próprio da aristocracia daquele tempo e que Sócrates também seguia.

            O próprio texto Homérico contém numerosas referências ao vinho, com o qual se apagam as chamas da fogueira de Heitor e de Prácolo ( Ilíada, XXIII, 230 e XXIV). Como nas sociedades orientais, esta bebida, resultado da fermentação da uva, ocupava o centro dos rituais, quer gregos, quer etruscos, quer romanos.

            O vinho não era indispensável à vida, mas nas sociedades arcaicas era indispensável ao espírito. Vindo de um processo de vinificação, está do lado da cultura e não da natureza. O vinho é uma droga (pharmakon) que permite uma comunicação directa com os deuses, provocando o entusiasmo (enteos- que significa etimologicamente ser inspirado por deus).

            E o vinho (oinos) bebia-se na antiguidade cortado com água, numa mistura feita na cratera (daí Krasi, nome do vinho no grego moderno) antes do banquete, que era invariavelmente em homenagem a Dionísio, deus do vinho e da vinha, e onde as taças (thasos) circulavam ritualmente da esquerda para a direita, entre os convidados, pela mesma ordem em que lhes era concedida a palavra.

            O banquete era composto, em primeiro lugar, por um repasto de carne (dais) ligado ao sacrifício (thusia) e confundindo-se com ele; não se comia sem ter oferecido um sacrifício aos deuses, que obviamente não ingerindo alimentos, se contentavam com os odores destes.

A seguir prolongava-se a refeição bebendo (symposion) e falava-se, recitava-se poesia discutia-se filosofia e cantava-se. Um dos homens ( simposiarca) organizava as coisas, mandava encher as taças e concedia a palavra.

Esses symposion  organizados em torno da palavra , da música e do vinho, caracterizavam uma arte de viver  e um ideal da aristocracia arcaica grega.  Era uma maneira de pensar e de ser entre a aristocracia de Cólon, de Éfeso, de Mileto, de Samos, de Mitilene e de outras cidades da Grécia oriental nos séc. VII e VI a.C.

Sócrates pertencia a este círculo de nobres amantes da symposia, de mísica e de poesia, como Safo, e de boa mesa, apreciadores de perfumes, e unguentos; pessoas de cabeleira cuidada (nas palavras de Hiponax de Éfeso) com longas túnicas a roçar o chão, apreciadores de banhos e massagens e cujo modo de vida se traduzia num habrosuné ( luxo), que Mazzarino resumiria séculos mais tarde no conceito de  “alegria individual”.

Também poderia fazer a analogia entre o Banquete, o culto a Dionísio, os doze convivas, o repasto da carne sacrificial partida e repartida igualitariamente entre os convivas, a celebração em torno do vinho e do tema do amor, com a última ceia de Cristo e o último mandamento que Este deixou aos seus discípulos: «amai-vos uns aos outros como eu vos amei». E já agora podíamos associar Alcibíades á figura de Judas e Agatão à de João.

Mas isso seria assunto para a cristologia, semiótica, história da cultura clássica,  que envolveria erudição e abordagem teológica, que não cabem na despretensão deste blogue.

Mas retomando o fio à meada, resumidamente o que é esta “alegria individual” de que fala Mazarino? É nem mais nem menos que a máxima satisfatória que Sócrates enunciou no Banquete:

 O amor sente falta de beleza e de verdade. Qualquer pessoa que veja a beleza com os olhos da alma será «[…] amiga de Deus e imortal, se é que algum homem o pode ser».

O amor é pois beleza e verdade. E isto só se aprende com os olhos da alma.

 



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Quarta-feira, 14 de Novembro de 2007

 

 

  

Sentara-se à secretária

E nada lhe ocorria;

Nem uma palavra;

Nem um verso.

 

Bateram timidamente à porta,

Era quase meia-noite,

E a maneira de bater…

O que será?

 

Era a Rosa Maria,

A criada da pensão,

Que vinha atarefada,

Do arranjo dos quartos

E perguntou:

 

-Venho incomodar?

-Não. O que há?

-Nunca lhe pedi nada…

Se não fosse muita maçada…

Não andei na escola…

Escrevia-me uma carta ao meu rapaz?

 

Disse que sim

E esperou que ela ditasse:

- Meu querido João do coração

Estimo que esta te vá encontrar de saúde

Em companhia dos teus

A quem mando muitas saudades.

Dá também saudades à minha mãe

E diz-lhe que fico bem.

Esta carta é para te dizer

Que ainda não me esqueci de ti

E que morro de saudades tuas

Meu João do coração.

Fico só até acabar o mês

E depois volto para ti

E para a nossa terra.

Vai-me esperar à estação,

No carro do primo Isidro,

Quando to mandar dizer.

Tua querida Rosa do coração

E saudades.

 

No envelope:

João Firmino da Rosa

-A Rua não é precisa - disse ela-

Vai lá ter mesmo assim.

-Moinhos de Carvide-

3100 Pombal.

 

 



publicado por Manuel Maria às 16:19 | link do post | comentar

 

 

 

 

A seguir ao arco, escadas a subir. Passando a taberna, mais escadas. Depois um patamar e mais escadas; uma curva à esquerda, mais escadas e a leitaria Brilhante; outra curva à direita e mais escadas até à estrada.

Chego cansado diante à Igreja, a cabeça a latejar. Descansando as pernas dou uma vista de olhos aos jornais no quiosque.

Retemperadas as forças, há mais escadas a subir, coladas ao edifício do mercado: Um lanço interminável dali à Costa Do Castelo, ao Chapitô.

A cabeça explode!

E as pernas desfalecem!

Depois é tudo a descer, pela Rua da Saudade, até ao Limoeiro.

           

 



publicado por Manuel Maria às 16:18 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 12 de Novembro de 2007

 

 

 

Se me abraçares
a tua poesia é minha luz,
a tua liberdade é o meu rumo,
o teu sentir é minha concha,
o teu calor é meu abrigo.

E nesse momento de milagre
todos os medos morrem,
todas as dores se apoucam,
as dúvidas já não importam,
porque o mundo se faz lugar de calmaria
e há um raio de sol que é só nosso.
                                                                    in "testaalta.blogspot.com"



publicado por Manuel Maria às 11:03 | link do post | comentar | ver comentários (1)

 

 

  

Demorou o processo

Nas estantes da primeira secção

Porque nenhum juiz o movimentava

Por excesso de pendência.

 

Aos poucos

Ficou esquecido

Entre os outros processos

Aguardando o despacho saneador

A seguir ao oferecimento dos articulados

E as partes civis

Foram perdendo interesse

Nos autos e no litígio

Acabando por se comporem

Extra-judicialmente:

 

O Autor cedeu uns metros ao fundo da extrema

Para a reclamada servidão

E o Réu permitiu a passagem e obras

De consolidação no muro do primeiro;

 

E assim,

Mais uma vez se fez justiça

Por cansaço

Das partes!

 

 



publicado por Manuel Maria às 10:46 | link do post | comentar | ver comentários (1)

 

 

 

 

Falar do trigo e não dizer

O joio. Percorrer

Em voo raso os campos

Sem pousar

Os pés no chão. Abrir

Um fruto e sentir

No ar o cheiro

A alfazema. Pequenas coisas,

Dirás, que nada

Significam perante

Esta outra, maior; dizer

O indizível. Ou esta:

Entrar sem bússola

Na floresta e não perder

O rumo. Ou essa outra, maior

Que todas e cujo

Nome por precaução

Omites. Que é preciso,

As vezes,

Não acordar o silêncio.

                                                                                                                   

       

                                                                                                      Albano Martins

 

 



publicado por Manuel Maria às 10:43 | link do post | comentar

Quarta-feira, 7 de Novembro de 2007

 

 

 

Vilar Maior

Pelo Outono,

Onde os verdes e amarelos

são tão variados como ninguém sonha

E os pores do sol tão suaves

Como ainda ninguém viu

E os carvalhais mais extensos que o tempo

Que nos sobra.

 

Vilar Maior

Pelo Outono,

Onde as tardes são as mais luminosas

E as noites sinfonias de estrelas

E no rumor do rio podemos escutar o silêncio profundo

das almas adormecidas.

 

Vilar Maior

Pelo Outono,

O meu quintal num extremo do povo

E a Figueira sobre o jardim e sobre o pátio

A dar-se com a minha alma

E a deitar os figos mais doces

Que alguma vez provei.

 

Vilar Maior

Pelo Outono...

 

Ou

De como pode ser tão doce

A existência!

 



publicado por Manuel Maria às 19:25 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Segunda-feira, 5 de Novembro de 2007

 

 

  

Mês de Novembro em Salamanca

E um calor como há muito não sentia.

 

O quarto dava para um pátio interior

Com roupa a secar;

No corredor

Os passos da mãe;

Pela janela aberta

O arrulhar das pombas,

No pequeno pátio.

 

Mês de Novembro em Salamanca

E um calor como há muito não sentia.

 

Os touros mortos

Deixando rasto de sangue na praça;

As prelecções matinais na faculdade;

O refresco numa esplanada da Plaza Mayor

A seguir à siesta

E a meio da tarde ela entrando pelo quarto,

A sentar-se no chão,

Abrindo o leque preto

E a refrescá-lo com aquele vento.

 

 

Mês de Novembro em Salamanca

E um calor como há muito não sentia.

 

O leque aberto no chão…

Depois ela voltava a pegar no leque

A fechá-lo e abri-lo,

Como fazem as espanholas

E despia-se.

 

Mês de Novembro em Salamanca

E um calor como há muito não sentia.

 

O leque abrindo e fechando

Como fazem as espanholas

Eles nus

No chão daquele quarto,

E os passos da mãe

No corredor.

 

Mês de Novembro em Salamanca…

E um calor como há muito não sentia.

 



publicado por Manuel Maria às 10:34 | link do post | comentar | ver comentários (1)

 

 

  

            O amigo convidara-o para assistirem à conferência sobre Unamuno. Chegaram atrasados, mas ainda a tempo de ouvirem aquela intervenção sobre as relações luso-espanholas, em que Portugal era menosprezado.

            Aí ele pediu a palavra e falou do iberismo de Unamuno, das suas frequentes viagens a Portugal, da amizade deste com intelectuais portugueses, entre os quais, Quental, Pascoais, Nemésio; depois do grupo “Renascença”, que editara a revista Àguia e onde pontuaram Cortesão, Coimbra e Pascoais; explicou pormenorizadamente como a doutrina deste movimento fora elaborada por Unamuno a pedido do próprio Pascoais e por fim, como a poesia de Fernando Pessoa entroncava no pensamento de Unamuno.

            Perante o espanto da assistência, mencionou ainda como Pessoa antes de se juntar por despeito ao Grupo “Orfeu” pertencera ao grupo “Renascença”, partilhando o seu conceito da estética, da filosofia,  história e humanismo ao longo de toda a sua obra. 

            Lanchou depois numa tasca nos arredores da Torre de los Caballeros  e para matar o tempo até ao jantar, entrou na Sé, onde o Arcebispo, que havia também assistido à palestra o conduziu à enorme sacristia e o fez sentar numa antiquíssima cadeira, precisamente a mesma, onde segundo a tradição, saíra em ombros o nosso frei Bartolomeu dos Mártires, após defender com brilho a sua tese de doutoramento no “Quadrivium”.

            O Arcebispo explicou-lhe, que aquela cadeira era reservada aos portugueses ilustres que visitavam a catedral, o que o fez desconfiar que aquele lhe estava a prestar uma singela homenagem pela dissertação sobre Unamuno.

            Mais convencido ficou, quando à saída pela porta lateral, perante a incredulidade dos transeuntes, o Arcebispo deu vivas a Espanha e a Portugal.

            O pior foi o regresso pela madrugada, após o jantar, ébrio: Uma patrulha da guardia civil parou-o; como não trazia documentos de identificação nem do carro, acabou a noite numa cela fria da esquadra, completamente ébrio, a dar também ele vivas a Portugal e a Espanha.

 

 



publicado por Manuel Maria às 10:27 | link do post | comentar

Sexta-feira, 2 de Novembro de 2007

 

 

  

 

Era um Medo muito medroso:

 

            Era um Medo tão medroso, que tinha medo por tudo e por nada. Apesar de já ser um Medo adulto e de “barba rija”, assustava-se com a própria sombra na rua, pelo que andava sempre colado aos muros dos prédios; alarmavam-no as tempestades de relâmpagos à noite, das quais se escondia debaixo das mantas; evitava falar à vizinha do rés-do-chão para não fazer ciúmes ao sujeito do 2.º Esquerdo; subjugava-se ao chefe de secção lá no trabalho, que lhe distribuía pilhas e pilhas de processos sem que protestasse, só para que não lhe desse ainda mais trabalho; receava os dentes do cão da velhota do 318, ao fundo da rua, que o obrigavam todas as manhãs de Sábado a saltar o quiosque do bairro para ir comprar o Expresso três quarteirões adiante, perdendo a hora de almoço; e tinha medo de um ror de coisas mais, tão insignificantes, que seria exaustivo e doentio enumera-las também aqui.

 

            Mas só para que fique a ideia,

            Era um Medo tão medroso, que ao chegar da rua, se trancava no guarda-roupa do quarto, horas a fio às escuras, a roer as unhas e tremer dos joelhos como “varas verdes”, sem saber porquê.

 

            Em suma…

 

            Era um Medo tão medroso,

 

            Que até metia medo!

 

           

            Tanto…

            Que ninguém se lembrava de o procurar

            No Guarda-roupa

            Lá do quarto.

 

 

 



publicado por Manuel Maria às 13:52 | link do post | comentar | ver comentários (1)

 

 

 

 

            Ovídeo escreveu também um livrinho, De Medicamine Faciei Liber (livro sobre os cuidados do rosto), que pouco mais é que uma lista em verso de receitas de cosmética; no entanto entre algumas destas receitas, dá alguns conselhos às mulheres, que são verdadeiras pérolas de sabedoria.  

Não resisto a transcrever este, que vem mesmo antes da receita sobre o remédio para os papos debaixo dos olhos ou manchas na cara:

 

            «[…] que a vossa primeira preocupação seja cuidar da formação do carácter; as qualidades da alma dão ao rosto novos atractivos. O amor que surgiu graças a um bom carácter é duradouro; a idade há-de causar estragos na vossa beleza e as rugas hão-de sulcar o vosso rosto sedutor… A virtude proporciona satisfação, dura toda a vida, por muito que seja, e, aonde ela está presente, o amor mantém-se.»

 



publicado por Manuel Maria às 13:51 | link do post | comentar | ver comentários (2)

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