Madrasa de Ebne Yussef (pátio central onde onde se vêem as paredes em platré o topo em cedro trabalhadoe e a base revestida a faiança)
Eric, negro retinto de Casa Mansa, junto à Guiné-Bissau e que só sabe dizer em português “home piquinino" e "home grande”, apresentou-me Mustafá, erudito bérbere, licenciado em literatura e doutorado em sociologia, que estudou em Fez, Damasco e Bagdad e pertence á seita dos mamelucos sunitas.
È um homem baixinho, vestido à ocidental, que fuma cigarro atrás de cigarro, pai de numerosa prole. Levou-me a ver as escolas da cidade, o souk dos curtidores de peles, a medina e a antiga madrasa de EbneYussef, datada do séc. XIII e a mais famosa de todo o magrebpelos seus "platrés"(rendilhados em estuque) de influência andaluza.
Aqui se faziam os estudos do corão, preparatórios para a carreira política, religiosa ou jurídica. Agora está desactivada, mas ainda reflecte o seu antigo esplendor. Um grande pátio interior, com paredes rendilhadas a "platré", tipo filgrama, com influências andaluzes e rodeado por várias salas de estudo, todas revestidas igualmemte a "platré" e tectos coloridos em cedro trabalhado. No primeiro andar, os quartos dos estudantes, a darem para pequenos pátios.
Parámos, na porta junto à sala dos Imãs. Mustáfa, chamou-me a atenção para o grande pátio em forma de “riad”, construção tipicamente andaluz e de influência romana, só existente nesta região do magreb. Passámos depois pela sala de ablações, com rica abóbada em azuleijaria, assente em quatro colunas de mármore de carrara. Nesse tempo, diz-me Mustafá, o ouro do sudão era tanto, que se trocava um kiilo de ouro por um de sal e um de sal por outro de mármore.
Falámos das reformas sociais e políticas no país, nomeadamente da nova reforma jurídica, que ele considerou muito ocidentalizada e desajustadas do substracto bérbere da população.
Depois passámos pelo souk dos agricultores, onde por dez dirh’as (equivalente a um euro) se compra uma refeição para uma família de quatro pessoas e estas são tão pobres, que só têm dinheiro para comprar cigarros a avulso. Seguimos pelo Souk dos ervanários onde nos detivemos a experimentar essências e desembucamos na grande praça de Djamaã El-fna.
Eram já 15 horas e nem dera pelo tempo passar, nem pelo almoço que tinha marcado para as 13 na "village". Mustafá telefonou para o restaurante a reservar-me mesa e despedimo-nos, combinando novo passeio para logo pelas 17, pelo circuito dos riad's.